segunda-feira, 20 de junho de 2011

CANTINHO DOS MARAFADOS


UMA LIÇÃO DE IRONIA

Numa boa entrevista conduzida por Tiago Pereira para o jornal i, o escritor Onésimo Teotónio Pereira - açoriano radicado nos Estados Unidos, o que o leva a encarar o Atlântico como "um rio" - ensina-nos através de uma pequena história o que é a ironia, arte muito pouco cultivada em Portugal.

A história é esta:

«Um tipo vai a uma casa de chá, onde estão senhoras educadas, e pergunta: "Há aqui algum sítio onde se possa mijar?" As senhoras respondem: "Olhe, o senhor naquele corredor vira à direita, na segunda porta está escrito "cavalheiros". Não faça caso, entre.»

Evidente ironia, tão rara aos nossos ouvidos, muito mais treinados para escutar sarcasmos.

Enviado e
colocado por Rogério Coelho

Á CONVERSA COM
MAURÍCIO DOMINGUES (IV)

Por João Brito Sousa

Vultos da cultura ‘
FERNANDO ANTÓNIO NOGUEIRA PESSOA
Fernando Pessoa (Lisboa, 13 de Junhode 1888 / 1935 ) foi um poeta e escritor português.
É considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões. O crítico literário Harold Bloom considerou a sua obra um "legado da língua portuguesa ao mundo".
Por ter crescido na África do Sul, para onde foi aos seis anos em virtude do casamento de sua mãe, Pessoa aprendeu a língua inglesa. Das quatro obras que publicou em vida, três são na língua inglesa. Fernando Pessoa dedicou-se também a traduções desse idioma.
Ao longo da vida trabalhou em várias firmas como correspondente comercial. Foi também empresário, editor, crítico literário, comentador político, tradutor, jornalista, inventor, astrólogo, publicitário e publicista, ao mesmo tempo que produzia a sua obra literária em verso e em prosa. Como poeta, desdobrou-se em múltiplas personalidades conhecidas como heterónimos, objecto da maior parte dos estudos sobre sua vida e sua obra. Auto-denominou-se um "drama em gente".
Fernando Pessoa morreu de doença hepática ou, segundo um recente estudo médico, de pancreatite aguda aos 47 anos, na cidade onde nasceu. Sua última frase foi escrita em Inglês, na cama do hospital, em 29 de Novembro de 1935: "I know not what tomorrow will bring" ("Não sei o que o amanhã trará").

O QUINTO IMPÉRIO

Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!

Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raíz --
Ter por vida sepultura.

Eras sobre eras se somen
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!

E assim, passados os quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro, que no atro
Da erma noite começou.

Grécia, Roma, Cristandade,
Europa -- os quatro se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?

Fernando Pessoa, in Mensagem


CANTINHO DOS MARAFADOS


A Ritinha faz anos

A Ritinha fazia anos e convidou todos os amigos para o aniversário, e disse:
- Quando chegarem a minha casa tocam a campainha com a testa!
Ficou tudo intrigado…
- Com a testa ?! Porquê?
- Com certeza não estão a pensar vir com as mãos a abanar, pois não?


Nova geração
Duas meninas:
- Eu nunca vou ter filhos!
Porquê? – pergunta a outra:
- Ouvi dizer que o download demora 9 meses!

Enviado por António Palmeiro
Colocado por Rogério Coelho

CANTINHO DOS MARAFADOS (se o Palmeiro não se importar)


A DESCULPA

Um tipo do norte comprou um Mercedes e estava a dar uma volta numa estrada nacional à noite.
A capota estava recolhida, a brisa soprava levemente pelo seu cabelo e ele decidiu puxar um bocado pelo carro.
Assim que a agulha chegou aos 130 km, ele de repente reparou nas luzes azuis por trás dele.
'De maneira alguma conseguem acompanhar um Mercedes' pensou ele para consigo mesmo, e acelerou ainda mais.
A agulha bateu os 150, 170, 180 e, finalmente, os 200 km/h, sempre com as luzes atrás dele.
Entretanto teve um momento de lucidez e pensou:
'Mas que raio é que eu estou a fazer?!' e logo de seguida encostou.
O polícia chegou ao pé dele, pediu-lhe a carta de condução e sem dizer uma palavra e examinou o carro e disse:
- Eu tive um turno bastante longo e esta é a minha última paragem. Não estou com vontade de tratar de mais papeladas, por isso, se me der uma desculpa pela forma como conduziu que eu ainda não tenha ouvido, deixo-o ir!
- Na semana passada a minha mulher fugiu de casa com um polícia - disse o homem - e eu estava com medo que a quisesse devolver!

Diz o polícia: - Tenha uma boa noite!

Enviada pelo Diogo
Colocada pelo Rogério

RECORDAR SARAMAGO, UM ANO E UM DIA DEPOIS DA SUA MORTE
Por João Brito Sousa

COMENTÁRIOS NA IMPRENSA ESTRANGEIRA SOBRE A ATRIBUIÇÃO DO NOBEL.

Em ITÁLIA
La Reppublica
«Até que enfim)! A expressão de júbilo e alívio atravessou o Atlântico de um lado ao outro, ligando o Brasil e Portugal, passando pela Madeira, Porto Santo, Açores e Cabo Verde, fantasmas de uma mítica Atlântida que hoje fala português."
"O prémio Nobel privilegia finalmente um escritor português, um escritor difícil, pouco respeitador do que se considera literariamente correcto."
L’Unità
"A palavra como uma arma, desde os dias difíceis do salazarismo até à descoberta da literatura, através do jornalismo. José Saramago libertou a narrativa portuguesa dos complexos precedentes e dá o impulso à geração pós-revolucionária."
L’Avenire (diário da Consagração dos Bispos italianos)
"Um mundo assinalado pela angústia e desespero, uma visão radicalmente ateia. Romances históricos e imagens apocalípticas, individuais e colectivas, entre as obras de Saramago. Um prémio Nobel dado mais por razões políticas do que pelo talento. José Saramago não é o melhor dos escritores portugueses, há muitos outros e com tanto talento, mas pouco conhecidos, porque a doce Lusitânia fica no confim da Europa."
NA GRA BRETANHA
The Guardian
"O autor que recebeu finalmente o que lhe era devido pela Academia Sueca."
The Idependent
"Pessimista e sério, lúcido e elegante são as palavras para descrever o homem e a sua literatura."
BBC
"José Saramago, 76 anos, é considerado o mais sólido baluarte da literatura portuguesa. O seu estilo muito pessoal e nem sempre de fácil acesso ao leitor, e a sua atenção temática fazem dele uma referência imprescindível na narrativa europeia."
ESPANHA
El Mundo
"Saramago, um Nobel à ironia e ao compromisso"
El País, 9 de Outubro de 1998
"Escritor lúcido, pessimista e crítico, barroco e comprometido com a utopia do comunismo, Saramago é o primeiro prémio Nobel da língua portuguesa, um feito que foi comemorado com júbilo em Portugal e no Brasil."
Manuel Vazques Montalbán, El País, 9 de Outubro, 1998
"Deram o Nobel da Literatura a um grande escritor e a uma grande literatura, que o mereciam. A notícia não é só o prémio dado a Saramago, mas a um escritor de língua portuguesa a penar na de Eça de Queiroz, de Torga ou de Jorge Amado."
FRANÇA
Le Figaro
“Contrariamente a muitos escritores franceses que permanecem na introspecção do pouco, do quotidiano e do quase nada, José Saramago pratica uma literatura do extremo, do imenso."
L’Humanité
"Ao mesmo tempo, prosador emérito, este céptico flamejante, grande leitor de Montaigne, Cervantes e Kafka, não cessa de visitar as almas contraditórias do seu povo, dos seus sonhos abolidos de conquista à realidade de presente, que envolve com uma melancolia extremamente maliciosa."
Li “O MEMORIAL DO CONVENTO” nos anos 80 e devo dizer que a leitura do livro não me entusiasmou. Saramago estava a começar, o livro não tinha vírgulas e não voltei a pegar nele. Peguei noutros, como “O LEVANTADOS DO CHÃO”, João Sem Tempo e Companhia, que me agradou imenso, os alentejanos e a GNR de Montemor, porrada e uma frase que nunca mais esqueci:” …e o sol, com tanta pressa de aparecer e com tão pouca de se esconder, como os homens, afinal” Achei a expressão maravilhosa e vi na frase uma imagem clara do comportamento da humanidade; tem receio de morrer. Escrito em 1979, o livro relata a luta dos operários pelas oito horas de trabalho.

Li outras obras.

jbritosousa@sapo.pt