domingo, 26 de junho de 2011



«COSTELETAS» MARCAM NO TEATRO

Foi sempre uma tradição a actividade teatral na Tomás Cabreira.
Desde há longas décadas, de que são referênias notáveis, entre outros os veteranos Maria José Capela e Joaquim Almeida Lima, o Aurélio Madeira (Prémio Nacional de Arte Dramática, na figura do «Primeiro Diabo» da Trilogia Vicentina) e o seu par Tinoco, a Maria José, o Manuel Vargas e tantos outros, a par de professores sempre recordados como o foram os irmãos Campos Coroa.
A nossa escola, através dos seus actuais alunos e professores voltou a marcar presença na Arte de Talma, em Maio último e no Teatro Municipal de Faro, onde têm desfilado tantas celebridades mundiais.
Desta feira foi o Grupo de Teatro Improviso, constituído por alunos do 3° ano da Turma do Curso Profissional Intérprete de Dança Contemporânea da Escola Secundária Tomás Cabreira (PIDC), com a peça «A dança da Duna Luna», numa encenação de Teresa Henriques e Teresa Coutinho eco - coreografia.
Este espetáculo, que alcançou grande nível artístico, estético e interpretativo, foi construído em parceria interdisciplinar a partir de um dos «Contos do Mago - A dança da Duna Luna», de Helena Tapadinhas e fazem parte integrante do Projecto Regional de Educação Ambiental pela Arte dinamizado pela Direcção Regional de Educação do Algarve (DREA), abordando a atual problemática da Praia de Faro nomeadamente a relação entre a dinâmica dos três ecossistemas (duna, laguna e sapal) e a ação humana).

JOÃO LEAL

QUANDO ALGUÉM PARTE


CLÉRIGO DO PASSO,
MAIS UM COSTELETA
QUE DEUS CHAMOU A SI!

Foi mais um dos nossos que partiu para a eternidade. A 17 de Março deixou-nos o José Manuel Clérigo do Passo, natural da Fuseta (terra de tantos e tão conhecidos «costeletas», onde nascera há 75 anos e residente na Cova da Piedade, casado com a Prof. D. Maria Eu¬génia do Passo, que nos finais dos anos 40 e primeira metade da década de 50 do século passado, frequentou a Escola Tomás Cabreira e foi elemento destacado da célebre «2° 4ª». Após concluir o curso de Professor Primário e de exercer o magistério, ingressou na carreira bancária, de que se encontrava aposentado há anos.
Alegre, amigo e companheiro, o «Passinhos» deixou em quantos com ele conviveram, de modo próprio os «costeletas», uma profunda saudade.
O seu funeral que se efectuou para jazigo de família no Cemitério da Fuseta, constituiu sentida e expressiva manifestação de pesar.

João Leal
O CRUZAMENTO DA VIÚVA



Este cruzamento situava-se mais ou menos a meio caminho, entre Montepuez e Porto Amélia, (hoje Pemba) no local em que existia a derivação da estrada que ia para Nampula, o distrito era o de Cabo Delgado, em Moçambique.
Apesar da senhora que lhe dera o nome já não ser viúva, uma vez que casara de novo o nome
manteve-se. Era paragem obrigatória da tropa que por lá passava, pela simpatia das pessoas para com os militares e por que sempre havia, ou uma cervejinha ou um petisco.
Decorria o ano de 1963 e apesar dos cuidados, das preocupações e de uma actividade psico social intensa, nada havia de mais grave.
Um dos problemas que era inevitável enfrentar eram as chuvas e as suas consequências, uma vez que o matope (lama) impedia a utilização da estrada e como é obvio a passagem de duas coisas vitais para os soldados, o abastecimento de víveres e o “machibombo” com o correio da família, da(s) namorada(s) e das inúmeras madrinhas de guerra.
A Manutenção Militar estava sediada em Porto Amélia a 220 Km de Montepuez, onde estava instalada a Companhia de Sapadores 315 da qual eu fazia parte. Numa bela manhã de África sai uma coluna comandada pelo alferes Jardim Fernandes, composta por 2 GMC, 1 Unimog e l Jeep onde seguia o alferes e o seu condutor, nas outras viaturas seguiam vários militares cujo número a memória, ou a falta dela, já não me deixa precisar. O objectivo era carregar mantimentos para que fosse efectuado o reabastecimento das tropas.
A viagem decorreu na maior normalidade e o regresso estava a decorrer também sem incidentes. O famoso cruzamento da viúva foi como era costume o local escolhido para a paragem na hora em que o calor mais apertava. Tudo normal até que se ouve um tiro, todos correm para as armas, mas o silêncio voltou.
Um minuto depois chega o marido da viúva com uma arma na mão (era caçador profissional), que diz:- Que coisa estranha, matei um leão aqui a 150 metros de casa, não é normal estes animais andarem aqui tão perto, só se estão com muita fome.
- Mas onde? Perguntou o alferes.
- Vocês vão para Montepuez, não é? Está morto naquele bocado de capim alto, na estrada por onde vão!
Hora do recomeço da viagem, toda a gente ocupa os lugares destinados e a coluna retoma o caminho. Mas “a curiosidade matou o gato” e a ordem para nova paragem no local indicado pelo “marido da viúva” é dada e cumprida.
O primeiro a descer da viatura é o alferes, seguido do condutor, e ainda os outros não tinham esboçado o gesto para sair das viaturas, já um enorme leão estava abraçado ao oficial.
O sangue frio e acredito que também a sorte, levaram a que o alferes colocasse na boca do leão a mão esquerda, e (aqui esteve a sorte) o cano da pistola metralhadora que levava ao ombro, ficasse apontado debaixo da queixada da fera, depois sim, o sangue frio, fez uma rajada com a arma, que essa finalmente, matou o leão.
Na breve luta com a fera esta rasgou-lhe a carne toda do peito, ficando com as costelas à mostra, e a mão esquerda desfeita pelas mandíbulas do simpático animal. Simpático porque poderia ter sido bem pior.
No meio da confusão foi decidido a coluna continuar para Montepuez e o Jeep regressar a Porto Amélia onde havia um hospital melhor e posteriormente encaminhado a Lourenço Marques, depois ainda a Lisboa.
Fui relembrar esta história porque estive há poucos dias na Madeira, para um excelente almoço convívio a convite do meu amigo, António Maria Jardim Fernandes, industrial de hotelaria, proprietário de vários hotéis na Madeira e no Brasil, protagonista de todo este episódio.

Não fico surpreendido se alguém duvidar desta história real, houve familiares de militares, que só acreditaram nestes factos quando ouviram de viva voz o relato feito pelo próprio. O que se repetiu no almoço a pedido claro, deixando os mais novos boquiabertos e os mais velhos saudosos apesar das dificuldades passadas. JÁ LÁ VÃO QUASE 50 ANOS.

Um abraço
António Viegas Palmeiro

Junto envio a minha poesia "que a forja já arda ", para publicação no blog. Aqui há umas três semanas eu já tunha enviado esta poesia, mas por qualquer razão ela não terá chegado aí.
Nota: quando refiro latir na última palavra da segunda quadra esclareço, que o verbo também significa gritar.
Um abraço.do
Inocencio


Que a forja já arda!


Calem-se de Delfos as infalíveis Pítias,
Que pululam nesta Pátria amada,
Mais não dizem que inúteis fífias,
Não precisamos delas para nada!


Sempre em bicos de pé – vaidosos;
Já os não podemos mais ouvir;
Blá, blá, blá – apenas palavrosos,
Por favor calem-se – deixem de latir!

Não é destes que o País precisa,
Nestas horas de grande aflição
Nestes tempos em que o País agoniza,
Necessitamos é de forte acção!

Vamos – que a forja já arda,
Que sobre a bigorna se bata o malho.
Força, força – a vitória não tarda,
O triunfo é criar e ter trabalho!

Manuel Inocêncio da Costa

NOTA: Por qualquer motivo, que desconheço, não foi recebida na conta do Blogue, desde 4 de Maio, esta poesia a que o autor refere.
Roger