terça-feira, 8 de dezembro de 2020

CRÓNICA DE FARO JOÂO LEAL


    A MAIS ESTREITA CASA DE FARO

         Singularidade urbanística e arquitectónica constitui, sem dúvida, o prédio de rés do chão existente na Rua Caçadores 4 nesta cidade capital sulina, no troço que antecede o cruzamento com as Ruas Bocage e D. Teresa Ramalho Ortigão e frente a frente ao típico Bairro com o nome daquele regimento militar.

          Com menos de 2 metros de largura na faixa, pode dizer-se que se abarca num amplexo, dotada com esguias porta e janela, que lhe conferem, numa imagem reforçada por se situar entre dois imóveis de maior porte, uma singular imagem visual.

           Deve, segundo as nossas investigações esta casa, que tem o 35 como «número de polícia», ter sido construída no início dos anos 20 do século passado, quando conheceu grande surto a urbanização do chamado «Bairro de São Francisco» ou talvez antes, a exemplo de muitas outras e-dificações de um só piso ainda ali existentes.

            No que respeita ao factor humano ou à família à mesma ligada re-cordo-me de que minha avó paterna que ali perto (Rua Brites de Almeida) viveu há cerca de um século se referia ao «Cabo Pastor», conjecturalmen-te um militar com aquele posto e que se dedicava em simultâneo à criação de gado.

            A «mais estreita casa de Faro» lá continua, no nº 35 da Rua Caçadores 4, artéria onde se situam a Delegação Regional da Ordem dos Advogados, a residência onde viveu um dos maiores amigos que na vida tive, o professor Franklim Marques e a centenária Casa de Santa Isabel, tendo o interior em ruínas.

             Talvez que esta memória - referência citadina merecesse melhor destino que um impiedoso camartelo. 


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