sexta-feira, 18 de abril de 2008

QUEM NÃO SE LEMBRA DELE?




Dr. JOSÉ CORREIA


Professor de Contabilidade, baixo de estatura mas de uma enorme competência técnico profissional.


Co autor do livro de CÁLCULO COMERCIAL com o Dr. Jorge Ferreira Matias.
Professor na Escola Industrial e Comercial de Faro e na Escola Comercial e Industrial de Silves


Dr. José Correia, um grande professor.


Texto de
João Brito Sousa

POESIA DO Dr. UVA


ESTÃO VERDES

Ai, Maria vem balhar o corridinho.
- Oh Manel, dêxa sarrar o corpête
- Não, Maria, não escondas o tê pêtinho.
- Oh Manel, eu não sou ... ama de lête....

- Manelito, ê cá já te tenho dito
- Que cômigo só se balha com preceto
- Tu já sabes, oh Manel, não t’admito
- Que me apertes ó me faltes ó respêto.

- Oh, mulher, não sejas tão desquesita
- que perdemos o toque da concertina,
- rai’ ma parta s’ há alguma mais bonita
- ó que tenha comáti a pele tão fina

Que bem que balhas, oh Maria, mais que bem,
Andas no ar com´`a pena levezinha.
E não tens pena das penas que o pêto tem,
e eu tenho pena que a pena não seja minha

UM ACONTECIMENTO


Num exame de Direito Comercial, o aluno é militar, o júri está constituído, está uma cadeira em cima do estrado e o aluno senta-se e coloca as botas na travessa da cadeira. E diz o Dr. Uva.
- O senhor é de cavalaria ou de infantaria?
- Sou de cavalaria senhor Doutor.
- Então desmonte

Publicação de
João Brito Sousa

COSTELETAS EM FESTA (I)




PECHÃO do
CARLOS GRANJA,

onde foi grande jogador de futebol na sua terra natal, o clube Oriental de Pechão.

Pechão é capital de freguesia desde 1593, pertencente ao Termo de Faro, e só em 1826 foi integrada no Termo de Olhão.

É uma pequena aldeia rural, onde abundam as amendoeiras e figueiras que se situa a cerca de 4 Km de Olhão e de Faro.

A pequena Igreja de Pechão destaca-se por se encontrar no ponto mais alto da localidade. Daqui encontra-se uma bonita vista que alcança toda a região até ao mar

São contemporâneos de CARLOS GRANJA, O António Viegas, ponta de lança, Danilo, o Diniz, o Bartolomeu, o Victor Carromba, o Netinho.
Publicação de
João brito Sousa

COSTELETAS EM FESTA (II)




EM WASHINGTON

São eles.

O FRANCISCO RODRIGUES do Poço Longo, o ZÉ NETO de Estoi, o CARLOS GRANJA de Pechão e o DIOGO COSTA SOUSA da Senhora da Saúde.

E agora, para o FRANCISCO, um poema de um poeta do Poço Longo
ANTÓNIO SIMÕES JÚNIOR
que nasceu a 22-09-1922, no sítio de Poço Longo, freguesia de Quelfes, concelho de Olhão. Filho de António Simões, natural de Faro e de Angelina Ignacio, nascida em Quelfes, Olhão e escreveu estes versos, lindos...
EXCITAÇÃO
Café Avenida - às 23 horas
Eu sou o rapaz do café,de lenço branco e cara amarela,
que de noite, a horas incertas,
venho sentar-me na mesa do canto...
- E quando o criado vem,peço o clássico café
e fumo cigarrosnum atordoamento.
Concentro-me monotonamente e fico pasmado a olhar,
a olhar;
neurastenia de tudo quanto vejo,
ou não vejo,neste antro de fumo,
onde a alegria se perde…
e o pilar do tédio a crescer, a crescer,
ameaça converter-se numa tempestade horrível
que não posso dominar !
Dentre as trevas morais, como a acenar,
a acenar,
o meu cigarro brilha indiferente à multidão.
E fico obcecado, tão alheio a tudo, a pensar,
a pensar,
que chego a esquecer-me de que estou aqui;
e só acordo quando o criado me pergunta:
- “Então, senhor António?!Quer mais um café?”
-“Sim, vá lá mais um para acalmarestes nervos.”
E perco-me no labirintoque não sei distinguir,
que não quero distinguir.
Sinto-me indisposto, falta-me a respiração…
Quero lutar e já não tenho força;
e sem. força perco esta batalha,deixo de ser eu para ser o outro…
- A tremer, tento aparentar calma,e fumo,
sorvo o meu cigarro.
É esta a fútil máscara com que me iludo, e me desiludo.
Os frequentadores do café, olham com admiraçãopara mim,
e cochicham uns aos outros,
que estou doido,que estou doido, ou então bebi vinho...
O nervos não obedecem ao cérebro.
A besta toma o freioe irrompe.
A luz bate-me de chapa,
o teto vai cairas mesas e cadeiras começam a rodopiar,
e tenho a impressão de que o mundo acabou aqui,
acabou aqui...
Texto de
João brito Sousa

AO TELEFONE COM O COSTELETA


DIOGO COSTA SOUSA

O Diogo é um amigo já dos tempos da primária em MAR e GUERRA Andava um ano atrás de mim, por ser mais novo, mas tivemos sempre uma boa relação, apesar de nos termos “despassarado” um pouco por questões profissionais, pois cada um seguiu o seu caminho.

Todavia, ainda deu para me aperceber que era um rapazito bem comportado e bom aluno. E as colegas diziam que tinha um sorriso bonito. Não percebo nada disso mas acho que sim. Pelo menos tenho-o na conta de um grande homem. E trata-me por amigo desaparecido e reencontrado. O que me sensibiliza muito.

Telefonei-lhe (001 301 385 04 27) e disse- lhe,

DIOGO, recorda aí uma cena da Escola.

Da primária, em MAR E GUERRA, recordo a professora claro, a D. Helena, que foi a nossa primeira grande mestra, a quem, aqui aproveito para homenagear pelo seu grande talento para o ensino e ainda pela grande paciência que tinha para nos aturar.

Recordo o meu parceiro de carteira, o hoje Eng º Bernardo Estanco, que chegou à Escola vindo de Marrocos e vinha sem boina na cabeça o que estranhámos.

Recordo que eram da minha classe o Miguel Damasceno, o Zé Louro, o Zé Duarte Martins Baptista, o Joaquim Rafael, todos costeletas mais tarde.
Mas o que me calou mais na escola primária, foi a injustiça que verifiquei haver, pelo facto de uns poderem continuar a estudar, como eu e outros, e haver alunos com potencial que ficaram por ali., como Maria de Jesus Lopo e o Júlio do Bate Cú.

Da Escola em Faro, recordo aquela cena do Ferro, quando foi fazer a demonstração do torno, trocou as voltas à máquina e uma peça saiu disparada e ia matando a Drª. Cândida, que tinha sido convidada para assistir à demonstração.

A tua infância?.

Boa. Nada a apontar e não me queixo de nada. Venho das hortas com muito orgulho. Os Diogos são um ramo enorme, gente de bem, modéstia à parte. O meu Pai trazia três hortas em exploração. Vivíamos bem.

Coloco num patamar um bocadinho mais alto, na família, o meu tio Alfredo, que era poeta e um neto dele que é Juiz na Comarca de Olhão

Ponto negativo foi o falecimento do meu Pai com 42 anos. Era um homem inteligente, ia às feiras, comprava e vendia gado e tinha uma grande capacidade de liderança para dirigir o pessoal na actividade agrícola.

Sementeiras, ainda te lembras disso?

Para o gado, semeava-se os trevos, as luzernas, o centeio e o milho, que depois das ajudadas era desfeito na máquina do Amorim, ensacado e vendido no Grémio em Faro, a preços desgraçados como o Parnassa fazia em Angola. aos agricultores locais, Do milho ficava algum de fora, que servia para engordar os 3/4 porcos que se matavam em Dezembro.

E depois eram hortaliças, couves rábanos, rabanetes, nabos, batatas e coisas assim, que a sogra do polícia que morava nas Pontes de Marchil, ao pé do António João, ciclista e ao pé do caiador também, vinha buscar à nossa casa.

As batatas tinham duas épocas de semeadura; em Janeiro e Setembro, em Março semeavam-se as alcagóitas e as cenouras.

Funcionavas bem dentro desse mecanismo?

Sim, mas havia um senão. Quando era da matança do porco aquilo era o diabo. Matar ... não é o forte. Como diz o Sérgio Godinho, de matar não gosto muito saudades é diferente. No dia da matança ia para a casa da minha avó e vinha oito dias depois. Mas era uma época difícil, porque eu sou muito sensível. Ainda hoje não piso uma formiga. Passo ao lado, como fazia um velhote que conheci em Santa Bárbara de Nexe, a quem chamavam o Cabinho da Mó, por ser muito baixote.

Onde passaste a tua juventude?

Senhora da Saúde e Pontes de Marchil, onde o meu Pai tinha as hortas.

Lembranças desses tempos. Pessoas que por algum motivo te recordes?

Joguei ao berlinde com o Jorge Albriquoque e o Vergílio Canzil, sou do tempo dos costeletas Anselmo e o Jorge, do Ernestino do Carlos Alberto, do Tatina, do Rocha e do Zé Domingos do Montenegro e de muitos outros.

Das pessoas já feitas, admirava o Toíca Guerreirão, grande negociante de gado, que todos os dias de manhã ia à venda do Senhor Viriato comprar um maço de cigarros Português Suave com uma nota de mil escudos. Era um tratado...

Momentos altos e baixos na tua vida?

Altos tenho alguns, como por exemplo, o dia em que Meninha me aceitou como namorado, outro quando casámos e outro quando nasceu o meu filho. Momentos baixos quando os meus pais faleceram. Foram ainda momentos altos, as corridas de mota com o Xico Contreiras e o Horácio Santos e no fundo, toda a juventude...

Os bailes no Parragil.. a Mondial, o pull-over vermelho e o polo preto na rua de Santo António.

Um grande amigo?

Tenho alguns. O costeleta Rabeca é um grande amigo. Tenho provas disso.

Algum motivo especial?

Fizemos a tropa juntos nos Açores, nos Arrifes, no BI 18 e fizemos lá uma equipa extraordinária. Entendemo-nos bem. Como em Angola me entendi bem com o Ribeiro de Évora e com o Ludgero Gema. E cá com o Manel Lima, e o Vieira da Silva de Quarteira, os Gabadinhos e mais alguns.

Os teus irmãos?

É boa gente. Somos três e damo-nos bem. Aproveito para lhes mandar um abraço.

A tua vida hoje?

Está bem e recomenda-se. Tive a sorte de ter tido sempre uma grande mulher a meu lado. Estou a referir-me à Meninha, a minha mulher. Dizem que ao lado de um grande homem está sempre uma grande mulher. No meu caso diria, que tenho ao meu lado uma grande mulher. Respeitamo-nos e o resto vem por acréscimo.

Depois tenho a família do meu filho que é a minha descendência da qual me orgulho muito. Não posso pedir mais nada.

Voltar à Senhora da Saúde?

Vou ao almoço dos costeletas a 8 de Junho em VILAMOURA. Vou para ver a malta e dar um grande abraço no velho, o SOUSAFARIAS.

E como gostarias de terminar esta entrevista?

Com um soneto teu, que sei que tens muito jeito para isso.

Então aí vai.

A ENTREVISTA.


O tempo que consumi no preparo
Desta conversa que contigo mantive
Só me prova que és um amigo caro
Daqueles poucos que até agora tive ...

A tua sensibilidade impressiona!...
A tua honradez é bastante notada,
A conversa teve o sabor da anona
E por isso, amigo, vai ser publicada

No blogue da Escola.. para se saber
Que tu ainda existes e gostas de viver
Esse aspecto é claro e salta bem à vista!...

E daqui te mando um abraço e agradeço
A amizade que nestes versos que te ofereço
Senti teres por mim ao longo da entrevista.

Texto de
João Brito Sousa