sábado, 19 de abril de 2008

AO TELEFONE COM O COSTELETA


VÍCTOR VENÂNCIO DE JESUS

Liguei ao Victor Venâncio (915474343) querendo saber coisas dele. Perguntei-lhe,

VICTOR, estás em forma?

Sim, estou bem, obrigado. Sabes, aqui onde resido, no “nosso” Algarve, mais propriamente em Faro, bem perto da Tomás Cabreira, o ar é puro, não é como nas grandes urbes, como Lisboa e Porto, aí onde tu estás, em que têm de respirar esse ar viciado. Além de que, por herança dos meus avôs maternos, me coube um pedaço de uma horta, ali para os lados da Meia Légua, onde me entretenho a semear caroços e ver depois, aparecerem pequenas plantas que se transformam em árvores e acabam dando frutos. É um prazer, ver como a natureza transforma pequenas sementes em grandes arvores.

Quando era puto andava muito por aí, conheço essas caminhos velhos quase todos, as hortas, os donos delas, enfim... dá-me saúde andar por ali, e o exercício, ajuda a manter o esqueleto desenferrujado. Como vês, estou bem.

Os teus projectos de vida foram todos conseguidos?

Bem a vida, sem projectos, não é vida! Temos que ter sempre algo em mente, para nos dar força para ir em frente. Todavia a vida de cada um de nós, sem projectos não tem interesse nenhum.

No que a mim diz respeito, estou satisfeito. Tenho amigos e granjeei o respeito deles e das pessoas que me rodeiam também. No fundo, um projecto de vida é um percurso que tem um princípio e um fim. Desse percurso direi que até aos sete anos fui um puto, dos sete aos dezoito foi ganhar preparação em duas grandes escolas a ”nossa” Tomás Cabreira e o Escotismo que me preparam para a vida, depois trabalho e agora reforma

E na reforma como é?

Tirar partido dela, passear e viajar com a minha mulher, (com quem partilho a vida há quarenta e sete anos), com umas estadiazitas de quando em vez pelo Brasil, verões em Quarteira, cavaqueira com os amigos, jornais, livros, Tv, internet, hortofruticultura. mais ou menos isto.

Não posso exigir mais, e, agradeço a Deus tudo o que me tem proporcionado até hoje.

O que é para ti ser feliz?

O meu conceito de felicidade anda próximo da estabilidade emocional. Para mim, ser feliz é estar em paz comigo próprio. Mas estas palavras, cujo conteúdo expressamos num minuto, levam às vezes muitos anos a concretizar. Para que eu esteja feliz, será preciso que as pessoas que me rodeiam estejam felizes também. Mas o que prevalece no mundo de hoje é a violência excessiva e por isso é difícil sermos felizes. Num âmbito mais restrito, as coisas estão a correr bem, pois tenho tirado partido daquilo que neste momento posso obter da vida. Faço o que mais gosto, sou livre... é só...

Como é a tua relação com o passado?

Óptima. A relação é de tal maneira boa que tenho saudades dos tempos da juventude, sobretudo do tempos da escola secundária em Faro, e do grupo nº6 dos Escoteiros em Olhão, onde deixei muitos amigos, com os quais ainda hoje, sempre que possível, procuro confraternizar

Quem é a malta do teu tempo.?

Sou do tempo dos, chamemos-lhe "INESQUECÍVEIS", como são o Caronho, o Nuno, o João Parra, o Poeira, Júlio Piloto, o Eugénio, o Júdice, o António Barão, o Pepe, o Palminha... eu sei lá.... tudo malta ligada ao desporto, e não só.

Também jogaste pela equipa da Escola?

Não. Joguei apenas a nível de turma em andebol e depois joguei no ALVERCA.

Em que lugar? Sempre guarda redes?

Não! Guarda redes, era só no andebol. Nas peladinhas do Largo de S. Francisco e no “Estádio” dos Blocos, jogava de preferência na defesa ou a médio.

A Escola teve muito bons guarda redes, sobretudo no andebol, como o Urbano, o Palminha, o João Malaia, o Alfredo Teixeira, o Tony Casaca, o Reinaldo Neto, o João Bica, o Horácio, o Macário, o Seromenho, o Fernando Bento de Sousa e muitos outros. Qual o melhor para ti?

Eram todos bons, mas talvez o Palminha, pela experiência.

E no futebol, qual o melhor que viste?

A Escola tinha grandes jogadores, eram muito bons, mas para mim, os melhores eram os da minha turma, que quase completavam a equipa da Escola. Lembras-te concerteza do Parra, do Nuno e do Rita, que jogavam no Olhanense e até foram na altura seleccionados para a equipa de juniores da selecção das quinas, depois havia o Júlio Piloto , o Vitor Caronho, o Antonio Barão, o João Malaia, enfim eram muitos e bons e ainda fizeram carreira no desporto por alguns anos.

Também havia outros de outras turmas, como o Fausto Xavier, a quem chamávamos o Puskas. Era um jogador camisa dez, orientador de jogo e também fazia bem o número 9, a ponta de lança porque fazia golos. Era o pensador de jogo com a característica dos grandes jogadores; antes de receber a bola já sabia qual o destino a dar-lhe. Eu sou da Indústria, por isso sou do tempo de nomes sonante da Escola.

Como ocupas os teus dias?

Anda por aqui, temos um ponto de encontro, de manhã, ali no café Fiesta, na rua de Stº António. Eu, o Gonçalves (O Santinhos), o Bernardo Estanco, o Zé Emeliano e outros que aparecem de quando em vez... No outro dia, cheguei eu e pouco depois o Fausto Xavier, logo a seguir veio o Pedro (de Marim), depois chegaram o Romão e o Zé Elias. Estavamos todos em amena cavaqueira, quando entra o Zé Emeliano e diz: O mestre Olívio, está ali fora ao pé do antigo BNU, sentado num banco! Claro que a malta respondeu em uníssono: Vai Lá buscá-lo! Veio o Mestre Olívio, e, não imaginas a festa e a alegria que foi para todos.

Despedimo-nos, até breve, porque concerteza, vamos reencontrar-nos todos, no dia 26 deste mês de Abril, lá na cantina da Escola, para o já tradicional almoço de confraternização, para entrega do prémio ao melhor aluno do ano passado, com direito a palestra e tudo, e ainda por cima, com a presença do nosso professor Américo.

Texto de
João Brito Sousa

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