sexta-feira, 9 de abril de 2021

CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL



«COSTELETAS» QUE EU CONHECI

    DR. MANUEL INOCÊNCIO DA COSTA,

«UM HOMEM SOLIDÁRIO NA CIDADE»


                    O ADN, da fraterna solidariedade, com que há décadas nasceu na sua serrana São Marcos da Serra, essa maravilhosa fronteira natural do Algarve, com os primórdios da vastidão sul - alentejana, conserva-a, visceralmente, intacta e original, num cortejo solidário que os anos têm robustecido. O Dr. Manuel Inocêncio da Costa, ilustre e generoso advogado, amigo de todos porque só lhe conhecemos amigos, poeta de mérito e homem bom, espalha o seu querer e viver entre as gentes do seu tempo e do seu mundo. Nunca o conhecemos diferente, na placidez do seu estar, na sensibilidade do seu estado de comungante poesia. O «Manel», que de outra forma de o tratar se magoava na sua admirável humildade, era-o assim quando da serrania natal veio para a cidade marinheira e assim tem continuado a ser.

                     Vivemos os momentos iniciais de nos tornarmos amigos quando «costeletas» nos tornámos frequentando o Curso Geral do Comércio na Escola Tomás Cabreira. Foi um baptismo assumido para todo o sempre e prosseguido no quotidiano na vivência do lema «Solidariedade, Vitalidade, Fraternidade» que o Professor Américo nos inculcou. Aliás o saudoso Mestre, cujo centenário ocorre neste ano de 2021 incentivou-o na prática, entre outras actividades físicas, no andebol, quando, por exemplo, no ano lectivo de 1952 / 53, frequentava o 3º ano e de que há registos fotográficos. Mais tarde prosseguiu com a singular cultura geral que lhe estava impregnada e com a atitude com que sempre se tem havido na vida honesta, vertical e correcta, quem tem as mãos sempre estendidas a quem do seu douto parecer e da sua generosa disposição dele precisa.

                       Licenciou-se em Direito pela Universidade Clássica de Lisboa e durante anos a fio exerceu com uma dedicação exemplar a advocacia, com cartório aberto no primeiro andar da confluência das Ruas Ivens e da Marinha, onde funcionou o primeiro posto de turismo que Faro houve (lembram-se do seu funcionário, o falecido Eduardo de Sousa, «Ventania»)? Era uma porta aberta a todos e para todos, a quem o Dr. Inocêncio da Costa atendia com a mesma atenção, prestabilidade e generosidade. Na ocorrência do 35º aniversário do seu incessante labor, em 2010, foi homenageado pela Ordem dos Advogados, num tributo a quem prestigiou a função e a jurisprudência.

                  «Cidade Subterrânea» (2008) e «Poesias deste Tempo», um ano depois, atestam, por agora, o que tem sido uma presença da sua criação poética - expontânea, livre, sublime e lírica. Natural como o seu criador, sincera como o poeta - a poesia a acontecer no «Manel» ou o homem que veio da Serra a ser poesia encontrada.

                     É assim o Dr. Manuel Inocêncio da Costa, um «costeleta» de quem tenho a digna honra de ser amigo!

João Leal

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