segunda-feira, 19 de abril de 2021

  •  Crónicas do rés-do-chão 


Na minha rua há um café. Na realidade não há só um... há uns quantos, que os negócios aqui não se querem sozinhos. Se abre um café, logo abrem mais dois ou três. Se abre um cabeleireiro, já se sabe o que vai acontecer. Mais recentemente abriu a primeira Wine Shop... 🤔...  a primeira...

Na minha rua há um café. Mesmo do outro lado da minha janela. Ali "o bicho" não entra, pois quem lá está leva o dia a matá-lo. Às dez entra o cálice de porto (assim mesmo com letra minúscula), logo a seguir vem o café com cheirinho - quase o sinto daqui; lá pelo meio-dia prepara-se o repasto e para abrir o apetite nada melhor que uma "min" - bebida pela garrafa, que é como ela sabe bem (digo eu, que não sou apreciadora de cevada fermentada), depois do almoço mais um cheirinho e entre um copo e outro lá se passa a tarde na esplanada em que os copos vazios de imperial se acumulam nas mesas que, agora, regressaram à rua.

Máscaras? Entre um gole e um cigarro não há tempo para isso. Fica pendurada a servir de adereço. I'm sexy and I know it!

Adereços à parte...

Na minha rua há um café. Não fosse a rua larga, para o género de rua que é, e quase poderia meter o bedelho nas conversas sem ter de levantar a voz além do sussurro. Ahhh, sussurrar... Como eu gostava que eles soubessem o que isso é - ou pelo menos falar mais baixo. Depois do almoço os decibéis já estão mais elevados - são os efeitos secundários da vacina que ali se toma diariamente.

Na minha rua há um café. E eu seria mais feliz sem a sua existência. Sorry. Not sorry. 🤷🏻‍♀️

Margarida Vargues 

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