sábado, 13 de agosto de 2022

CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL

 


      JOSÉ BARÃO, SEMPRE PRESENTE!


     É - o pela saudosa lembrança do mestre e do amigo, como poucos o tivemos nesta caminhada de mais de oito décadas. É -o pela sua verticalidade cívica com que sempre se houve na vida e pelo espírito de pura fraternidade, num renovar constante  franciscano, em que havia sempre uma mão estendida a outra mão ávida de ajuda. É-o pelas suas capacidades intrínsecas que fizeram do sonhador nascido á beira - Guadiana «num dos melhores repórteres portugueses que entre nós houve».

       José Soares Barão, de seu nome completo, tido e havido por mundo inteiro apenas por «Zé Barão», é uma presença constante no nosso universo saudosista, com um quotidiano de lembranças, que mormente nos motivam para a escrita, para o amar Algarve e para ver em cada outro um irmão.

        Mas é em Agosto de cada ano, neste «Agosto Azul» algarvio, que nos surge com uma presença marcante, na lembrança do aniversário natalício, vivido no dia 17. Foi na realidade a 17 de Agosto de 1904 (completaria agora, se vivo fosse, 118 anos) que nasceu em Vila Real de Santo António. Desde cedo que revelou a sua inclinação para as letras, o que levaria este verdadeiro auto - didacta, a fundar na «Capital do Iluminismo», com outros amigos pombalinos e aos 18 anos o «periódico regionalista independente» titulado de «Os Novos».

          «Com o sonho na alma e poucos tostões nas algibeiras», partiu aos 20 anos para Lisboa, contando nesta cidade com o nunca desmentido apoio de outro republicano, jornalista e escritor, homem bom e generoso, algarvio (Silves), para nossa honra, que foi Julião Quintinha. Trabalhou em vários jornais («A Capital», «A Tarde» e «A Batalha» e, mais tarde e com maior relevo em «O Século», diários já desaparecidos) e que fez do saudoso Fundador do «Times» (como ele gostava de apelidar o «Jornal do Algarve») - «um dos mais prestigiados jornalistas do seu tempo» e «um dos mais notáveis repórteres portugueses». 

      Duas facetas queremos citar nesta invocação: o distinto fotógrafo amador (1º prémio no «Salão de Fotografia das Beiras) e a sua dedicação ás causas regionais e sociais, de que são testemunho, entre outras o haver sido fundador e dirigente da «Casa da Imprensa» e da, infelizmente, desaparecida «Casa do Algarve».

     Em Março de 1957 fundou, com um grupo de amigos, o «Jornal do Algarve», que motivou no leito da morte, na Casa de Saúde das Amoreiras, Lisboa, esse testamento irrecusável - «Não deixem morrer o Times». E assim tem acontecido com um conjunto de dedicados directores. Foi-o primeiro com seu dedicado filho, o jornalista António Barão, com a saudosa viúva D. Ana Baptista Barão, a suportarem esta primeira vaga. Depois vieram os lembrados José Manuel Pereira, Torquato da Luz e Fernando Reis, a cujas memórias prestamos a nossa sentida homenagem e, os vivos e entre nós José Estevão Cruz e José Lança, cujas amizades muito nos honram.

     Foi ainda em Agosto (dia 30 do ano de 1966) que o sempre lembrado «Patrão» nos deixou. Nesta sentida evocação toda a saudade de José Barão.


 


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