segunda-feira, 15 de agosto de 2022

CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL



                DR. ARNALDO VILHENA, O MÉDICO, O POETA E O POLÍTICO


                 «Foi um dos maiores cidadãos adoptivos de Faro, a quem os farenses sempre acarinharam, com muita ternura, afecto, gratidão e consideração», escreveu a propósito do saudoso médico, o Dr. Vilhena, esse devotado «filho de Faro», precocemente desaparecido que foi o João Resende, talvez o maior conhecedor de «coisas e loisas» da terra mãe.

                 O Doutor Arnaldo Cardoso Vilhena nasceu em 1907, em  Freixenela, freguesia do concelho de Almeida, terra raiana da Beira Alta, onde fez o ensino primário. Estudou no Liceu de Lamego e licenciou-se em Medicina na histórica Universidade de Coimbra. 

                  Exerceu a sua actividade clínica, sempre com empenho e saber, em várias localidades do Algarve, para onde em boa hora veio. Fixou-se em Faro, onde casou com a também sempre saudosa Dona Maria da Conceição Assis, da respeitada família Assis, senhora de fino tracto e bondoso coração.

                  Foi, pode dizer-se, o Doutor Vilhena, «médico de toda a gente», quer na medicina privada (com consultório no Palacete Ferreira de Almeida, no Largo da Palmeira), como nas diversas instituições, entre as quais a Casa dos Pescadores, o Hospital da Misericórdia (de que foi prestante director clínico), na Subdelegação de Saúde, no Dispensário Antituberculose e na PSP, donde foi afastado pela polícia política por ser assinante de uma publicação do MUD (Movimento Democrático Unitário). Parteiro de grande mérito «pôs no mundo centenas de vidas».

                    Emérito poeta teve uma dedicação especial à cultura, sendo um dos fundadores do Centro Cultural Camões, origem do Círculo Cultural do Algarve, que tão relevante e histórica acção desenvolveu durante a ditadura, de que foi sempre um conhecido opositor. Certa era sempre a sua presença voluntária e colaborante nos Jogos Florais e em todas as manifestações que à Cultura e à Arte estivessem ligadas. Mesmo quando perdeu a visão haviam sempre amigos, entre os quais o falecido professor Adérito Barreiros, para lhe lerem os livros de uma vasta biblioteca de que era detentor ali na Rua Filipe Alistão.

                       Apreciador da boa culinária era fiel e assídua presença na «Tertúlia Gastronómica» que o seu amigo «Zéquinha» (Zeca Santos) mantinha na Ilha de Faro e onde eram, fiéis frequentadores, os lembrados Eng. Campos Coroa e o advogado Dr. Aragão Teixeira.

                         O Dr. Arnaldo Cardoso Vilhena, uma figura marcante na vida farense nas décadas de 40, 50 e 60 do século XX faleceu em Faro em 1968.

                           Uma figura recordada com saudade, apreço e gratidão.


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