sábado, 14 de novembro de 2020

POEMA

 

ESQUECE, ESQUECE, NÃO VÁS POR AÍ!

 Autor  Manuel Inocêncio

 

Tanta corrupção eu vejo ali;

É o banqueiro e o funcionário;

Esquece, esquece, não vás por aí!

 

O tráfico de influências está na berra;

Tanto, tanto, nunca se vira nesta terra;

O céptico irónico ainda sorri;

Esquece, esquece, não vás por aí!

 

É o ministro e mesmo o juiz?

É o que toda a gente diz;

Esquece, esquece, não vás por aí!

 

São colarinhos brancos – olhai, vede;

Mas, atenção, o peixe grado fura a rede;

Eles não recebem nem um maravedi;

Esquece, esquece, não vás por ai!

 

Bico calado, estás com alucinações,

O que pensaste são puras ilusões;

Ninguém viu nada, eu também não vi;

Esquece, esquece, não vás por aí!

 

Amanhã começa outro inquérito;

Mal começou já pertence ao pretérito,

Que como todos dá em nada – ou eu menti?

Esquece, esquece, não vás por aí!

 

IN VENTOS DO SUL

Inocêncio da Costa

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