ESQUECE, ESQUECE, NÃO VÁS POR AÍ!
Tanta corrupção eu vejo ali;
É o banqueiro e o funcionário;
Esquece, esquece, não vás por aí!
O tráfico de influências está na berra;
Tanto, tanto, nunca se vira nesta terra;
O céptico irónico ainda sorri;
Esquece, esquece, não vás por aí!
É o ministro e mesmo o juiz?
É o que toda a gente diz;
Esquece, esquece, não vás por aí!
São colarinhos brancos – olhai, vede;
Mas, atenção, o peixe grado fura a rede;
Eles não recebem nem um maravedi;
Esquece, esquece, não vás por ai!
Bico calado, estás com alucinações,
O que pensaste são puras ilusões;
Ninguém viu nada, eu também não vi;
Esquece, esquece, não vás por aí!
Amanhã começa outro inquérito;
Mal começou já pertence ao pretérito,
Que como todos dá em nada – ou eu menti?
Esquece, esquece, não vás por aí!
IN VENTOS DO SUL
Inocêncio da Costa
Sem comentários:
Enviar um comentário