quarta-feira, 4 de maio de 2022

CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL



        «O REPORTER DA CIDADE»


             Saudades, enormes e justificadas saudades, dos tempos em que as ditas «rádios piratas» ou «rádios livres» nos davam uma comunicação directa, autêntica e viva, do que, momento a momento, íamos vivendo em cada comunidade. Depois houve, nalguns casos, uma legalização e, mais tarde, o encerramento da sua esmagadora maioria. Aqui, por Faro, onde funcionavam duas destas emissoras, era ouvinte, fiel e interessado do Rádio Clube do Sul, onde o meu dedicado amigo e conterrâneo MANUEL LUÍS, nas manhãs de cada dia, nos oferecia, e com que generosidade ele o fazia, a rúbrica «O repórter da Cidade». Fosse-o do mercado, da Rua de Santo António, do Estádio de São Luís...de qualquer parte do mundo farense, sabia-se o que estava acontecendo nas peculiares intervenções daquele honrado e fraterno «ilhéu». Neto do mediático «tio Manuel Lobisomem, um percursor no povoamento humano dos «Hangares», Manuel Luís temem si mesmo o sentido gémeo, tal como nós, de ser «filho da Ria», que ele conhece, ama e defende como poucos.

             Faz falta «O repórter da Cidade», como o fazem as sempre oportunas intervenções de quem vivia a rádio, de entre os quais lembro os que já nos deixaram: José Mealha, Marcelino Viegas, Teixeira Marques, Bernardino Martins, Carlos Farinha, Gastão Cruz e tantos, tantos outros, para quem existe sempre uma palavra de saudade e de estima....

              Hoje vivemos, frente ao computador, em busca da notícia sobre o facto que houve, mas se não ouve. De facto num desejado e anunciado caminho para a descentralização / primórdio da regionalização, houve um aglutinação das «rádios locais», salvo raras e honrosas excepções. Aconteceu tal com a que estivemos ligados, a «Rádio Santa Maria», adquirida que o foi pela TSF.

            Manel! Que falta nos faz o teu peculiar estilo narrativo, de que é uma saudosa lembrança, o recordar «O repórter da cidade». 


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