terça-feira, 27 de julho de 2021

 OS MEUS ROTEIROS «SÃOBRAZEIROS»


                  A POUSADA


Parafraseando Miguel Torga («É sempre um dia de festa vir ao Algarve...»), escrevo que ir à Pousada de São Brás era, naqueles tempos (anos 60 do século XX) uma tarde festiva. Quer pela magnificente paisagem que do Alto do Farrobo, nos seus 340 metros de colina, como pelo generoso e cativante acolhimento dos hospitaleiros gestores (D. Margarida Freira Andrade e esposo, sr. Joaquim Pacheco). Como ainda pelo ambiente e serviço que ali se prestava, com recordação especial para os doces e chás que ao lanche eram servidos.

Aconteciam estas visitas aos fins de semana, ao cair da tarde em época outonal ou de Inverno, quando regressávamos à Fuseta, onde morávamos, após a visita a meu saudoso pai, que durante mais de vinte anos esteve internado no Sanatório Carlos Vasconcelos Porto.

Ao calor suave da lareira, o quente dos chás (bela Luísa, príncipe, erva cidreira e outros) que nos inebriava e a excelência das saborosas fatias de pão de ló e demais bolos primorosamente confeccionados, vendo-se uma paisagem única, ao suave cair do Sol, são evocativas saudades que nunca esquecemos. histórica, para o turismo algarvio e nacional, Pousada de São Brás, foi construída de raiz e inaugurada a 1 de Abril de 1944. Sobre a sua história e vida servimo-nos, como em muito do saber sobre o concelho de São Brás de Alportel, a que tão familiarmente e afectivamente estamos ligados, dos magníficos ensinamentos e preciosas lições da história concelhia que o douto médico Dr. José Belchior, a quem estamos muito gratos, nos fornece nos seus desejados textos. O estabelecimento em referência que foi durante décadas um ex - libris da terra sãobrazeira e do próprio Algarve, fazia parte de um grupo de 7 Pousadas, segundo um projecto de António Ferro, responsável pelo SPN (Secretariado da Propaganda Nacional, percurso do SNI) e que visava, a par das Comemorações Centenárias de 1940 a afirmação do turismo regional e foi um pioneirismo do desenvolvimento turístico do País. O local em que foi erguida foi uma escolha do ilustre louletano Eng. Duarte Pacheco que desempenhava as funções de Ministro das Obras Públicas. Para a sua edificação foi necessário destruir um dos 3 moinhos ali existentes, dois dos quais eram como que uma moldura rústica e bem portuguesa  da Pousada e que faziam as delícias dos visitantes.

           Uma saudosa recordação de um dos muitos aprazíveis locais desta hospitaleira terra da beira - serra do Caldeirão!

                                                          JOÃO LEAL


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