terça-feira, 4 de janeiro de 2022

CRÓNCAS DO MEU VIVER OLHANENSE


          MARIA ARMANDA, UMA «MULHER FUSETEIRA»

                

           Amava, até á exaustão, a terra mãe, a Fuseta, onde nascera naquela manhã de Domingo, de 12 de Janeiro de 1936. Foi a quando da celebração da Missa pelo Pároco de então, o Rev. Padre Lucas, falecido já com bastantes anos, mas que tive o grato ensejo de com ele privar. Foram chamar, conforme tantas e tantas vezes me contou, a parteira à Igreja. A menina nascida então na «Noiva Branca do Mar» foi a companheira querida que Deus me deu por mulher durante quase ses-senta anos e recentemente falecida.

            Toda uma saudade e um universo de lembranças, que se avolumam à medida que o tempo vai acumulando mais e mais juros, numa contagem progressiva, que a lembrança provoca.

             Foi na Rua das Vinhas, em casa de uma grande e saudosa amiga, D. Maria José Martins, que me acolhera quando para a Fuseta fui cumprir funções docentes, que nos conhecemos. «Amor à primeira vista», que ditou duas vidas e uma vivência que hoje é saudade. Um namoro e um casamento que suscitou críticas pelas diferenças académicas. «Perdoai-lhes, Senhor...» em troca da felicidade que partilhámos.

              Foi sempre uma devotada olhanense e de modo próprio uma «verdadeira fuseteira». Participou nas marchas populares que nos anos 50 do século passado aconteceram em Olhão. Bem moça começou a trabalhar, sendo uma inata artista quer na moda, como na tapeçaria. Magníficos quadros que hoje, lágrimas nos olhos, contemplamos com apreço e admiração incontidas pela «nossa Armandinha».

                     Quis dormir o sono atá é Ressurreição final na terra da sua terra, a Fuseta. Vontade cumprida, que outra não podia ser, ali estão os seus restos mortais junto dos pais, familiares e amigos.

                      Em nós e para nós esta saudade que dói...


                                                            JOÃO LEAL


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