terça-feira, 18 de janeiro de 2022

CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL



                               O MEU AMIGO MAESTRO FILIPE DE BRITO


           Unia-me uma profunda, antiga e afectiva amizade ao falecido Maestro Filipe de Brito, um dos mais cotados acordeonistas de sempre. Recebeu de seu pai, o «Brito do Arieiro», o gosto pelo acordeão e bem jovem, ainda não havia completado a dezena de anos, estreou-se, com assinalado êxito, na «Feira Popular», que então se realizava em Loulé, no dobrar da meia metade do século XX. 

          Uma amizade que se fomentou nesse histórico e sempre lembrado Café «A Brasileira». há anos desaparecido e com ele um dos mais vivos centros de convívio farense, onde o Filipe se havia, mesmo quando já em Lisboa, se deslocava a esta terra que considerava como sua.

          Por ali se juntava outros nomes da música - os falecidos locutores Rafael Correia e Elísio Lacerda, os cantores Rui Costa, Luís Guilherme (pai da estrela de televisão Teresa Guilherme) e José António da Luz, o músico folclorista Mário da Encarnação e dos jornais, que a Delegação do «Jornal do Algarve» era vizinha - fronteira na Travessa de ao Pé da Cruz.

         Filipe Luís Graça Brito tinha a sua origem no Arieiro, depois de passarmos a célebre «Ladeira da Cabana Queimada» e já a cheirar a Loulé. Nasceu em 1941 e faleceu, inesperadamente a 11 de Janeiro de 2022, quando nada o fazia prever, pois era uma presença de viva actualidade nos blogues informáticos.  Pelo telefone ficou por cumprir um almoço por ele marcado a quando de uma próxima deslocação a Faro, esta terra que tanto amava para «pormos a escrita em dia».

           Virtuoso de acordeão tocava desde temas folclóricos a clássicos, sem desprezar o super rock ou a introdução das teclas no fado. Fez o ensino secundário no Liceu, então dito de Nacional de Faro e que o será sempre de João de Deus, havendo assinalada presença das actuações do Filipe de Brito nas récitas anuais. Estudou mais e mais (Escola Superior da Educação pela Arte e Conservatório Nacional. Actuou pode dizer-se em todo o Portugal, havendo realizado diversas tournées (Brasil, Estados Unidos da América, Venezuela, França, etc).

            Mais tarde enveredou pelo mundo dos negócios, sendo o principal responsável pela fama e expansão adquiridas pela algarvia «Amarguinha» quer no País como além-fronteiras.

             Este Amigo devotado e sempre presente em momentos especiais da nossa vida deixou uma vasta colecção de discos gravados, que principiaram em 1961 com o selo da Rapsódia (empresa discográfica do Porto) - «Arraial algarvio», «Olés e Castanholas» e «Viajando com o Acordeão», seguindo-se depois os contractos com a «Valentim de Carvalho», a «Tecla» e a «Orfeu - Arnaldo Trindade».

               Um algarvio que amava esta Terra Mãe. Um artista de excepcional virtuosismo. Um Amigo que o foi dos maiores que a Vida nos deu.   


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