terça-feira, 25 de janeiro de 2022

CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL



O MANTO DA SENHORA DE BELÉM


       Esta foi uma das tradições religiosas farenses que se perdeu já em meados do século passado. Referimo-nos ao manto de Nossa Senhora de Belém, que cobria a imagem venerada numa das duas capelas laterais da Igreja de São Sebastião, no largo da mesma invocação, frente ao Comando da GNR.

        O templo, data do século XV, é considerado «edifício notável» e que conserva no seu interior testemunhos significativos do «estilo manuelino», entre os quais a capela dedicada a São Roque, encontra-se cedida à Igreja Ortodoxa (Patriarcado da Roménia) para prestar assistência em especial aos emigrantes orientes do Leste e sob a invocação de São Tomé.

           Situava-se, a quando da sua edificação, fora da «cerca seiscentista», ao que se crê por questão da peste que então grassava e de que o Mártir Romano era protector. Foi destruído em 1596 a quando do ataque do Conde de Essex a Faro. Reconstruído dois anos depois pelo Bispo D. Fernando Martins Mascarenhas, serviu de sede à paróquia de São Pedro, em virtude do estado em que esta ficara por via do terramoto de 1 de Novembro de 1755. 

            Na década de 40 do século XX sofreu importantes obras de restauro, quando era pároco o sempre lembrado Padre José Gomes da Encarnação.

             Julgamos que o culto a Nossa Senhora de Belém, nesta igreja, foi coevo ao da sua introdução em Portugal, como o atesta a capela erigida em Belém (Lisboa) futuro Mosteiro dos Jerónimos para apoio espiritual aos mareantes. Retoma-se assim uma homenagem á Virgem Maria pelo nascimento de Jesus na cidade de Belém, na Palestina.

                Voltando à perdida tradição farense acontece    que, durante séculos, quase até aos nossos dias, sempre que alguma mulher estava em «trabalho de parto», recordando-se as muitas mortes havidas entre as parturientes, a cobriam com o manto da Senhora de Belém. Esta devoção era acompanhada pelas orações dos fiéis avisados pelo sino existente na torre sineira da Igreja de São Sebastião com corda pendente para o largo.

                Tradições que fazem parte da história da Cidade de Faro.


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