terça-feira, 18 de janeiro de 2022

CRÓNICA DE FARO



                      O "20 DE JANEIRO»


         No dia 20 de Janeiro completaria mais um aniversário, quantos não o sabemos, mas que eram largas dezenas, isso eram-no, o há muitos anos desaparecido Clube Recreativo 20 de Janeiro.

        Foi uma dinâmica sociedade recreativa, coeva talvez da também desaparecida «Musical Farense», que teve a sua sede na Rua de Portugal, onde hoje, em prédio reconstruído se encontra um complexo bancário.

         O «20 de Janeiro» sempre teve o seu nicho na Rua do Alportel, em imóvel de há aguardando a prometida construção de um outro prédio, por cima do que foi, durante décadas o conhecido Restaurante Belchior. A quando da sua extinção funcionaram ali, temporariamente o Grupo de Teatro Lethes (quando saiu do Círculo Cultural do Algarve e que esse Poeta Maior que foi o Dr. Emílio Campos Coroa, seu fundador, apelidou nessa fase de «Teatro da Serrapilheira») e uma delegação «cultural/ jogo do bingo» do Sporting Farense.

            Une-nos ao extinto «20 de Janeiro» toda uma afectiva saudade não só porque nos seus maples dormimos alguns dos nossos sonos primeiros dada a condição de dirigente de meu pai. Como mais tarde, já adolescente e homem, o frequentava pelos animados bailes do Carnaval, encenações teatrais (com o lembrado actor / pintor César, que morava na Rua da Barqueta e outros), o enterro do Entrudo (protagonizado pelo inesquecível Paquito «Rabinete», falecido na Argentina e que fora exímio «balhador» do Rancho de Faro e, como ora se diz, «auxiliar educativo» no Liceu. Lembranças ainda das celebrizadas «iscas à Belchior» cujo cheiro subia até ao salão de dança e eram uma tentação...

                Teve períodos brilhantes, que era frequentado pela classe pobre / média, alguns dos quais quando se criou a 2ª esquadra da PSP, na Rua do Alportel e muitos dos agentes foram sócios e dirigentes.

                      Extinta o «20 de Janeiro», cujo estandarte esteve muito tempo em minha casa paterna, fica-nos a lembrança de um período citadino em que as colectividades de cultura e recreio desempenharam um papel de relevante importância no contexto do burgo.

                        Daqui que nos ocorram três pensamentos: 

                       1º) da extrema urgência em ser publicado o livro sobre o tema escrito pelo dr. Marco Sousa Santos                                                           , dos nomes mais sonantes dos modernos historiadores e investigadores algarvios. Concorrente que o foi ao «Orçamento Participativo da União de Freguesias de Faro (Sé / São Pedro) foi preterido em favor de outras acções, na clara demonstração dos «benefícios / malefícios da democracia». Mas importa que este plebiscito seja corrigido com uma deliberada edição da obra que é parte importante do historial de Faro no século XX.

                         2º) que no imóvel futuro a construir onde foi a sede do «20 de Janeiro» seja colocada uma lápide descritiva com a gravura coeva, tal como as existentes em vários edifícios farenses e que esta atitude seja ampliada às desaparecidas sedes da Sociedade Recreativa Musical Farense e do Clube Popular de Faro («Grémio», no Largo do Terreiro do Bispo). 

                           Há que relembrar a história feita e vivida em cada dia dos dias passados.

JOÃO LEAL


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