quinta-feira, 2 de junho de 2022

CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL



        CULATRA, PROGRESSO E SUSTENTABILIDADE


          Unam-nos fortes laços de ancestral familiaridade com as boas, laboriosas e heróicas gentes da Ilha da Culatra, o maior núcleo populacional ilhéu existente na área metropolitana portuguesa. As lembranças da «tia Estrudes» e do tio Zé Brito («Zé Bruto», como era conhecido) e de seus filhos fazem parte das minhas mais queridas memórias afectivas. Meu avô materno, um abnegado pescador, a quem as gentes da minha Ribeira Natal, chamavam de «O Quebrado», quando estava com a «marlé» (isto é quando bebia uns medronhos a mais), fazia o seu retiro até que a tal «marlé» passasse junto da «mana Estrudes» na Culatra. Admiro por outro lado (nisso sou 100% , conforme orgulhosamente «je suis ilhéu, o que têm sido as conquistas múltiplas que os culatrenses, capitaneados pelo jovem e aguerrida Sílvia Padinha, a quem muito admiro e a sua Associação dos Moradores da Culatra. Ainda que as relações não conheçam a assiduidade justificada, foi com enorme alegria que soube do arranque da central fotovoltaíca e da vitória obtida pelo protótipo de dessalinização da água salgada  elaborado pelo OCIMA (Universidade do Algarve em colaboração com aquela entidade associativa culatrense, para produzir a, cada vez mais necessária, água doce, com recurso aos excedentes da referida produção de energia pelo Sol. Com coordenação dos doutos investigadores Cláudia Sequeira, André Pacheco, Manuel Moreira da Silva e Evan Rochard, o prémio alcançado permite: diminuição do caro consumo de energia para transporte da água até aquela Ilha do Arquipélago de Santa Maria, lavagem de espaços comuns, produção de gelo (tão necessário à actividade piscatória dos ilhéus) e também de sal e outros itens. Em prol do desejado desenvolvimento da Culatra, está o que muito importa, a sua sustentabilidade ambiental.


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