quinta-feira, 9 de junho de 2022

CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL



      DUAS «RELÍQUIAS»....

  Numa destas muitas incursões que cada um de nós e todos nós, de quando em quando fazemos ao «espólio pessoal» deparei com duas peças de evidente interesse regional e que constituem, na sua essência, um importante identitário para quem somos, donde viemos e o que somos.

 É o caso do livro «A Mulher Algarvia», da autoria de Amílcar Louro, editado pela «Editorial do Povo» (1946) e com prefácio do conhecido  jornalista Luís Forjaz Trigueiros. Ao longo da quase centena de páginas toda a obra é, não apenas uma fundada elegia à mulher nascida em terras do Al-Gharb, como usos, costumes, cantares e tradições desta terra sulina.

O seu autor, ao longo de seis capítulos, espraia-se por temas vários - «A prenda da casa» - «uma rainha em dia de núpcias a, algarvia»; «No amor» - «prima por ser a nossa mais devotada evangelizadora do progresso social»; ««No lar», «No convívio» e «No trajar» - «uma vez que a situação se lhe torna asada, põe de parte a indumentária regional e esmera-se com graciosidade e requintes de elegância citadina»; «Motivos de beleza», «Indústrias caseiras» e «Anedotas» - (o «Maio em Lagos», «o órgão da Igreja de Olhão»...); «Folclore no Algarve» - «Superstições», «As lendas e «O passado» - «Entre o povo algarvio está ainda bastante vulgarizada a necromância»; «No falar» e «As festas» -«a algarvia fala cantando, com entoações acusadas....

Aponta no final uma vasta bibliografia, donde destacamos os nomes de Adelino Mendes, Afrânio Peixoto, Ataíde de Oliveira, Mário Lyster Franco, J. Lourenço Pinto, Ludovico Meneses, Raúl Brandão e Raúl Proença, como guia aconselhado para futuras leituras.

A outra «relíquia» é o texto / comunicação - «Cantos, Músicas e Danças» apresentado pelo seu autor José Parreira, ao tempo (1915) apresentado ao «I Congresso Regional Algarvio», realizado na Praia da Rocha e de que era Vogal da Comissão Executiva.

Nele se lê: «Fazei com que o Algarve não se desregionalize. Em tudo ele tem um caracter próprio e que merece ser apreciado e mantido.


Duas peças de invulgar interesse para a nossa Terra Mãe, o Algarve e que vão direitinhas para o Museu Sede do Rancho Folclórico de Faro, na feliz ocorrência do seu 92º aniversário com toda a admiração e respeito que quase cem anos de vida o justificam.


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