terça-feira, 2 de novembro de 2021

CRÓNICA DE FARO DE JOÃO LEAL

 

            O SR. ALMEIDA DA FARMÁCIA


            Via-o passar todos os dias, o que acontecia várias vezes no quotidiano. Era uma figura reverente, já com a sua idade avançada e que se deslocava da sua residência, na Rua Teófilo Braga rumo à Farmácia Almeida, no cruzamento das Ruas Conselheiro Bivar, da Carreira ou do Chiado e a de São Pedro. O farmacêutico Sr. Almeida, era detentor desde 1919 da sua Farmácia Almeida, de grande préstimo em especial para os residentes, como eu, na Ribeira. Era na altura em que na farmacologia se recorria muito aos «manipulados», ao invés do que hoje sucede. Homem de saber, era, como sói dizer-se «pau para toda a obra». Conselheiro nas doenças tradicionais - gripes, constipações, sarampos, tosse de que a convulsa era a pior e muitas outras, não dizia que não ao tirar de um doente (experiência própria) ou «ao dar uma injecção».

             Era no tempo em que a Rua Conselheiro Bivar sediava expressivo número de farmácias, como foi mais tarde agências de viagens e, ora sucede, com bares e similares. Existiam então três farmácias naquela artéria.

              A Paula, de que era proprietário e director o Sr. Paula, natural de Olhão, nome que figura na história da Maçonaria no Algarve e fez parte da Câmara Municipal de Faro e pai do eng. Mário Paula, que foi destacado nome da engenharia hidráulica.

               Depois, no sentido Norte / Sul, encontrávamos a Eusébio, de que figura de referência o sr. Eusébio, que me impressiona o ver de bata branca na farmácia e de castanho escuro, católico fervoroso como o foi e franciscano terceiro nos actos religiosos, sobretudo nas procissões.

                Finalmente, frente à Pensão Madalena, havia a referida Farmácia Almeida, onde fiz muitos e dedicados amigos, entre eles os saudosos sr. Bernardo Rodrigues de Passos (sobrinho do poeta sambrazense Bernardo de Passos) e o ajudante, tipo «pronto socorro», João dos Santos, no vulgo conhecido por João Rainha.

  

                   Das três farmácias existentes hoje não resta nenhuma na Rua Conselheiro Bivar, já que extintas a Paula e a Eusébio, a Almeida, mantendo, honra lhe seja feita, o nome, transferiu-se para a Avenida Calouste Gulbenkian, com todo o mérito da modernização e da adaptação aos tempos que corre, entre as quais o estar de serviço permanente (24 horas / dia, serviço ao domicílio, etc.) honrando a saudosa memória do que cremos seu fundador, o joje lembrado sr. Almeida.


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