Um pequeno intervalo, para inspiração, lendo esta pequena história. Espero que gostem...!
INSPIRAÇÃO
21.00 horas
As horas iam passando sem que
tivesse inspiração para escrever.
23.00 horas.
Ligo a TV,
corro todos os canais e não encontro programa que me satisfaça. Desligo o
aparelho.
23.30.
Pego na
esferográfica, no papel e… fico suspenso pensando no tema que possa abordar.
Irrito-me!
Não consigo
inspiração…! Não me costuma suceder. Agarro na esferográfica, olho-a e penso:
“odeio este objecto”. Não me dá uma ajuda…. Caramba! Maldita esferográfica.
Descarrego nela a minha irritação, torço-a, dobro-a, insisto com mais força…
estilhaça-se. Fico suspenso; abro a gaveta da secretária e agarro noutra. “Isto
nunca aconteceu. Que se passa comigo?” “Sinto
necessidade de escrever e não consigo”. Pego na chave do carro e saio de casa.
As horas passam a correr.
O1.30 horas.
A noite já ia
longa. Não sentia sono. Estava fresco, fazia uma brisa suave; sentia-se um
cheiro a maresia.
Pus o carro a
trabalhar e arranquei; as ruas estavam desertas, não se via vivalma; sai da
cidade sem rumo e arrumei o carro no estacionamento de uma discoteca. Uma música
moderna, do agrado da juventude, fazia-se ouvir. A porta estava fechada, bati.
O postigo abriu-se e entrevi um rosto que disse “estamos quase a fechar”,
“ficarei até fechar” respondi. A porta abriu-se, entrei. O som era bastante
alto, do agrado da juventude; o recinto estava cheio, dançava-se.
Encostei-me ao
balcão do bar. Pedi um whisky com duas pedras de gelo. Agarrei no copo e
deambulei por entre a multidão; olhando de lado dei um encontrão noutra pessoa.
O copo caiu ao chão, estilhaçou-se, e ouvi uma voz
. -
Está a dormir de pé?
- Desculpe,
olhava para o lado, não a vi.
- É o que
dizem todos!
- Acabei de
entrar, é a primeira vez que aqui venho, e está um pouco escuro…
- Entrou?, eu estou de saída!
- Porquê, não está satisfeita? Perguntei,
notando que a minha interlocutora era uma mulher jeitosa e com uma certa
beleza.
- Sem
companhia isto torna-se insípido, respondeu.
- Estou
condenado a passar pelo mesmo? Também estou só, podíamos dançar, até fechar,
que acha?
- Não era má ideia,
mas…, tire o cavalinho da chuva se pretende avançar com outras ideias…
- Pode estar
descansada, não pertenço a essa categoria.
Dançamos; a música
era lenta, um slow que convidava a relaxar. Ela era boa dançarina. Dançámos em
silèncio até à hora de fechar. Olhámo-nos, sorrimos.
- Gostei da
companhia, disse ela.
- Estou de
acordo consigo, adorei, para esquecer o encontrão, acho-a uma mulher simpática,
meu nome é Alfredo, Alfredo da Silva, sou gestor de uma empresa, escritor e sou
viúvo, apresentei-me.
. Muito prazer,
sou Ana Maria, trabalho no turismo e, sou divorciada.
- Em vez de
virmos sozinhos, poderíamos combinar um encontro neste mesmo sítio, o que acha?
Perguntei.
. Acho bem,
respondeu Ana Maria, com um sorriso aberto.
E
despedimo-nos, com um beijinho, depois de apontarmos o número dos telemóveis.
04.00 horas
Regresso a
casa.
Faltou-me a
inspiração para escrever, não me tinha acontecido. Porque não substituir, de
vez em quando, a escrita pelo convívio, fazendo a vontade a quem não está
disposto para me ler?
É fácil
substituir a inspiração pela disposição… ou juntar as duas.
Olho para o
espelho por cima da cómoda e fico pensando que o meu cabelo ainda não está
grisalho, e sinto inspiração…
É madrugada,
sento-me à secretária, esqueço a “maldita esferográfica”, abro o computador,
sinto disposição e… Inspiração!
E escrevo esta
crónica.
Uma ideia com
arranjo de Roger
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