RUBEN SANTOS:
«MARÉS DE TODOS OS VENTOS»
«INTO THE AZOREAN SEA»
Quis a generosidade de um grande amigo, figura destacada entre a comunidade açoriana mundial, fundador da Casa dos Açores no Algarve e reiniciador das Festas do Espírito Santo na nossa Região, consagrado poeta, me enviar dois preciosos livros, ambos tendo como traço comum a ligação aos Açores.
O primeiro trata-se do livro de poemas, o nº 165 da Colecção «Cadernos de Santa Maria», intitulado «Marés de todos os ventos». A obra, que é prefaciada por outro ilhéu, o madeirense Fernando Vouga, relata os tempos vividos por ambos na Guerra Colonial, em Moçambique. É complementada por poemas de grande qualidade como aquilo que Ruben Santos nos habituou, com uma mão cheia de livros publicados...e muitos mais, a Deus querer e o autor também hão-de surgir.
Natural da Cidade da Horta, no Faial, este poeta açoriano há anos radicado em Faro, após correr meio Mundo, tem na sua arte poética todo o ADN daquela região autónoma. Lê-se de um trago este novo livro, quer nas recordações, nem sempre as mais felizes daquele conflito armado, como todos os outros poemas, na singeleza de voo de bela ave que nos trás uma mensagem de fraternidade e de ventura.
A outra obra, «Into the azorean sea» (Através do mar açoriano) é uma ampla e completa antologia de poetas açorianos de todas as partes do mundo. Desde os mais conhecidos e consagrados (casos de Antero de Quental a Vitorino Nemésio), até aqueles que têm um público menor, mas nem por isso menos sensitivo ao que é a poesia. O volumoso livro foi editado pelo Instituto Português Além - Fronteiras e organizado pelo académico açoriano Diniz Borges, um catedrático nascido na Ilha Terceira e emigrado nos Estados Unidos da América desde os 10 anos. Nele figuram dois composições de cada poeta, em português e inglês. Entre os mesmos figuram os poemas «Ilhéu» e «Em chão alheio», o primeiro dos quais nos apraz recordar:
ILHÉU,
O ilhéu,
por destino, como eu,
tem o bote à cabeceira,
na alma...
tem mar e céu. JOÃO LEAL
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