A
RUA MONSENHOR BOTTO
Em
plena «Vila-a-Dentro» situa-se uma das mais referentes artérias desta cidade, a
Rua Monsenhor Botto, que faz a ligação entre majestático Largo da Sé e a
íngreme Rua do Município. É o não apenas pela histórica situação no coração do
primitivo núcleo da capital algarvia, como também por conservar o seu aspecto
urbanístico, com reduzidas alterações do seu emblemático conjunto. Por detrás
do Paço Episcopal, nela funcionaram a sede do Grupo nº 77 da AEP (Associação
dos Escoteiros de Portugal), as oficinas camarárias de carpintaria, as residências
da Família Sande Lemos (onde morou o saudoso Dr. Manuel Rodrigues Jr. (Palaré),
carismático professor de Geografia, que o foi na Escola Tomás Cabreira e no
Liceu João de Deus, assim como o popular e há muitos anos falecido
fadista «Ameriquinho (Américo «Abóbora»). Esta rua é o grande corredor de
ligação ou o elo de ligação entre os dois polos da Tomás Cabreira, ou seja,
unindo a secção industrial (diretoria, administrativos, gabinete médico, etc.),
no Seminário de São José e o comércio (aulas teóricas e práticas de grafias) no
imóvel que hoje é sede da Diretoria da PJ (Polícia Judiciária). Por ali
passaram, ao longo de décadas, milhares de «costeletas» - alunos daquele
estabelecimento de formação profissional, bem como seus mestres e funcionários na
azáfama quotidiana da vida escolar. Como o passaram também, ao longo de
séculos, gerações de sacerdotes e outros elementos da Igreja Católica.
Entre
estes figurou, por certo, a figura de uma das mais destacadas figuras da
cultura algarvia do século XIX, Monsenhor Botto, que hoje dá o nome á rua, que
o foi anteriormente de «Rua do Jardim». Joaquim Manuel Pereira Botto, nascido
em Alhandra, corria o ano de 1851, foi, no dizer dos seus biógrafos «um clérigo
aristocrático, poliglota, antropólogo e investigador», que esteve na Índia e
foi Cónego da Sé de Faro e mais tarde provido a Monsenhor. Indigitado para
bispo de várias dioceses, amava tanto a terra algarvia, que nunca daqui quis
sair, talvez ambicionando um dia ser seu prelado, o que nunca aconteceu. A
Monsenhor Botto ficamos devendo, para além de outras acções, o Posto
Meteorológico, que ainda no nosso tempo funcionou em destruída torre no
Seminário e, nesse mesmo ano de 1894 o Museu Arqueológico e Lapidar Infante D.
Henrique.
João Leal
João Leal
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