Está na hora de rimar
Nesta noite de arraiais
Com sardinhas e fogueiras
Escondidos entre quintais
Comprei só um manjerico
À entrada do supermercado
Trouxe-o hoje comigo
P'ra não ficar encalhado
Vou na meca d'um caldo verde
Com um tinto a acompanhar
Preciso de me aquecer
Que está um frio de rachar
Diz-me lá ó Santo António
O que é feito dos teus dotes
Devem andar escondidos
Debaixo de grandes escadotes
Por muitas voltas que dê
Não os consigo encontrar
Começo a ficar farta
Preciso de descansar
Qualquer dia faço um bruxedo
E depois eu quero ver
Não há vela, nem igreja
Que te possa valer
Já te virei ao contrário
Já te pus num altar
Continuas amuado
E eu cansada de t'aturar
Deixa-te de ser birrento
Porta-te bem por favor
Este ano já vai a meio
Encontra-me aí um amor
Tenho só uma condição:
Precisa ser aprumado,
Comer de boca fechada
E um espírito bem humorado
Se peço também agradeço
Mas sem velas nem mezinhas
Promessas também não faço
Deixo-as para as vizinhas
Com as rimas vou parar
Pelo menos por agora
Se continuo aqui
Irá p'la noite fora.
Margarida Vargues
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