O
Costeleta Alberto Rocha solicitou-nos que repetíssemos a publicação do “texto
escrito por Jorge Tavares, CORRUPÇÂO”, alterando a cor, o tipo e o tamanho da
letra. Executámos, Roger.
CORRUPÇÃO
A palavra
corrupção deve ocupar lugar cimeiro, na linguagem escrita e falada, nos últimos
anos em Portugal.
Os media, com
especial relevo para os audiovisuais, diariamente divulgam situações de
“alegada” corrupção, em instituições públicas e privadas, praticada por
pretensos corruptos, que o Ministério Público e a autoridade policial que o
suporta (Policia Judiciária) se encarregam de averiguar e canalizar para os
tribunais ou não, conforme as suas conclusões finais.
Ignoro se existem
registos que historicamente possam garantir quando é que os primeiros Homens se
deixaram corromper.
Atrevo-me a
afirmar que a corrupção é própria da génese humana, sem que por isso
possamos definir como e quando começou.
Por que se trata
duma palavra com um significado altamente pejorativo, difícilmente aceitaremos
que o ato de corromper, possa ter qualificações variadíssimas.
A condenação da
sociedade ao ato de corromper, conjuga-se proporcionalmente ao benefício
recebido, embora a entidade corrompida também sirva de classificação, para a
opinião pública.
Poderia
caracterizar e enumerar os atos de corrupção que se praticam no dia a dia,
embora o corrupto e o corruptor, não o considerem como tal, antes entendendo o ato
como um “favor” que se solicita e que é correspondido.
A propósito deste
tema ocorreu-me uma história, que embora pareça ficção, é real.
Há largos anos,
um amigo que ocupava um cargo de director num organismo público, de pouca
importância e sobretudo de muito pouco contacto com o exterior, aceitou o convite para
exercer o cargo de director numa outra instituição pública, de maior relevo e autonomia
distrital.
Este seu novo
cargo, pela responsabilidade e distância da instituição, originou um
afastamento involuntário e deixámos de nos ver.
Largos meses
depois, finalmente o encontro de amigos, para uma actualização do dia a dia da
nossa vida profissional e pessoal.
À pergunta que
fiz, como se estava a sentir no novo cargo, respondeu-me que tinha pedido a
demissão e tinha criado a sua própria empresa.
Surpresa e
pergunta natural: Mas porquê? Nem sempre se deixa um cargo de director duma
entidade pública.
É verdade,
respondeu o meu amigo...! e completou com esta frase “As solicitações eram
tantas e tão constantes, que corria um sério risco de me transformar num
corrupto, se lá continuasse! “
Os anos passam,
mas este exemplo fica sempre na minha memória e serve-me de consolação para os
péssimos exemplos diários, que leio, vejo e oiço.
Que bom seria que
os bons exemplos tivessem a mesma divulgação pública, especialmente como
elemento educativo e preparatório, da juventude.
Não devemos
perder a esperança. Apostemos na inteligência humana.
-Quadra solta do
poeta António Aleixo
--Vinho que vai para vinagre
--Não retrocede o caminho
--Só por obra de milagre
--Pode de novo ser vinho
Jorge Tavares
Publicada no semanário Noticias de São Brás em Março/20
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