sábado, 20 de junho de 2020

INTERESSANTE PARA LER



“polionasmo”
Todos os portugueses (ou quase todos) sofrem de “pleonasmite”, uma doença congénita para a qual não se conhecem nem vacinas nem antibióticos.
Não tem cura, mas também não mata.
Mas, quando não é controlada, chateia (e bastante) quem convive com o paciente.
O sintoma desta doença é a verbalização de pleonasmos (ou redundâncias) que, com o objectivo de reforçar uma ideia, acabam por lhe conferir um sentido quase sempre patético. Definição confusa?
Aqui vão quatro exemplos óbvios: “Subir para cima”“descer para baixo”“entrar para dentro” e “sair para fora”.
Já se reconhece como paciente de pleonasmite?
Ou ainda está em fase de negação?
Olhe que há muita gente que leva uma vida a pleonasmar sem se aperceber que pleonasma a toda a hora. Vai dizer-me que nunca “recordou o passado”?
Ou que nunca está atento aos “pequenos detalhes”?
E que nunca partiu uma laranja em “metades iguais”?
Ou que nunca deu os “sentidos pêsames” à “viúva do falecido”? Atenção que o que estou a dizer não é apenas a minha “opinião pessoal”.
Baseio-me em “factos reais” para lhe dar este “aviso prévio” de que esta “doença má” atinge “todos sem excepção”. O contágio da pleonasmite ocorre em qualquer lado.
Na rua, há lojas que o aliciam com “ofertas gratuitas”.
E agências de viagens que anunciam férias em “cidades do mundo”.
No local de trabalho, o seu chefe pede-lhe um “acabamento final” naquele projecto.
Tudo para evitar “surpresas inesperadas” por parte do cliente.
E quando tem uma discussão mais acesa com a sua cara metade, diga lá que às vezes não tem vontade de “gritar alto”“Cala a boca!”?
O que vale é que depois fazem as pazes e vão ao cinema ver aquele filme que “estreia pela primeira vez” em Portugal. E se pensa que por estar fechado em casa ficará a salvo da pleonasmite, tenho más notícias para si.
Porque a televisão é, de “certeza absoluta”, a “principal protagonista” da propagação deste vírus.
Logo à noite, experimente ligar o telejornal e “verá com os seus próprios olhos” a pleonasmite em direto no pequeno ecrã.
Um jornalista vai dizer que a floresta “arde em chamas”. Um treinador de futebol queixar-se-á dos “elos de ligação” entre a defesa e o ataque.
Um “governante” dirá que gere bem o 
“erário público”.
Um ministro anunciará o reforço das “relações bilaterais entre dois países”.
E um qualquer “político da nação” vai pedir um “consenso geral” para sairmos juntos desta crise. E por falar em crise! Quer apostar que a próxima manifestação vai juntar uma “multidão de pessoas”?
Ao contrário de outras doenças, a pleonasmite não causa 
“dores desconfortáveis” nem “hemorragias de sangue”.
E por isso podemos “viver a vida” com um “sorriso nos lábios”.
Porque um Angolano a pleonasmar, está nas suas sete quintas.
Ou, em termos mais técnicos, no seu “habitat natural”.
Mas como lhe disse no início, o descontrolo da pleonasmite pode ser chato para os que o rodeiam e nocivo para a sua reputação.
Os outros podem vê-lo como um redundante que só diz banalidades.
Por isso, tente cortar aqui e ali um e outro pleonasmo.
Vai ver que não custa nada.
E “já agora” siga o meu conselho: não “adie para depois” e comece ainda hoje a “encarar de frente” a pleonasmite! Ou então esqueça este texto.
Porque afinal de contas eu posso estar só “maluco da cabeça”.

          Autor desconhecido.

Um arranjo de Roger.
Texto enviado por Zé Elias Moreno.

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