A DRA. MARIA ANTONIETA
Jovem,
por certo recém licenciada, narizinho arrebitado, compleição agradável e
determinada a Dra. Maria Antonieta, que mais nenhum outro nome lhe conhecemos,
foi nossa professora da disciplina de História Geral e Pátria do Curso Geral do
Comércio (2º ano) , talvez no ano lectivo de 1952/53, já nas atuais instalações
da nossa Escola. Partilhava a sua residência numa espécie de «República
de Jovens Professoras» quer da Escola como do Liceu, num 1º andar, ainda hoje
com a mesma arquitectura, na Rua de Santo António, por cima da Farmácia do
Montepio. Colocavam a rua a secar entre a qual peças de lingerie, no estendal
na Travessa do Bouzela, o que era, naqueles tempos e hoje muito mais,
perfeitamente usual.
Só
que uns malandrecos, alguns dos quais já nos deixaram e cujos nomes não
citarei, resolveram, numa daquelas divagações nocturnas roubar algumas das
referidas peças (soutiens e cuecas). No dia seguinte quando a Dra. Maria
Antonieta se aprestava a entrar na sala de aulas, aquela situada frente à entrada
da Sala das Alunas, deparou com o seu espólio íntimo pendurado no quadro. Um
par de gritos de «Não», um esgar de terror e, perante o ar atónito do contínuo
sr. Victor Tavares, o regresso acelerado à Sala dos Professores, então situada
no primeiro andar.
O
caso motivou «escândalo» e valeu a sempre pacificadora e educativa decisão
desse grande Mestre, que foi o Director da Escola, Dr. Fernando Moreira
Ferreira. Uma delegação de alunos foi ao seu Gabinete apresentar desculpas à
Dra. Maria Antonieta e levar-lhe um ramo de flores. Na festa escolar ao
incidente foi-lhe dedicado um «dueto» cantado por uma aluna e um aluno, cuja
letra era mais ou menos, talvez menos do que mais, que os anos já não recordam
tudo era assim:
«E
agora para onde vai você?
Para
a História dos meus cuidados.
Colega
veja se cai nos tais Cruzados.
Eu
só vejo a guilhotina e a Maria Antonieta
O
resto para mim da História é uma treta...»
JOÃO
LEAL
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