REVISTA «SBA - REVISTA DE CULTURA» (II)
Confirma-o, plenamente, em excelência qualitativa, a referência que o número primeiro constitui, este segundo volume da magnífica revista «SBA - revista de cultura» ora vinda a público. É-o pelos elevados índices quer de aspecto gráfico - artístico (que magnífica ilustração de José Amândio Afonso Pereira constituem a capa e contra - capa, como as gravuras que esmaltam os vários textos), como pelo seu conteúdo. Ambos os factores evidenciam aquilo que fazem da semestral revista de Cultura «SBA» um muito agradado elogio ás gentes de pensamento, investigação, saber e escrever de São Brás de Alportel.
Um projecto estruturalmente bem concebido e concretizado por «um punhado de sambrazenses» que sabe o que quer e porque o quer, com reflexo em todos os extractos culturais do Algarve e do País, bem como de quantos, pela diáspora deste Concelho do interior se encontram por esse mundo em fora.
De verdadeiros parabéns o estão pois os drs. José do Carmo Correia Martins e José Manuel Antonino Belchior (Coordenação Editorial) e todos os que têm alinhado nesta tarefa que o número ora publicado vem consolidar e de que, com todo o merecimento e justificada honra São Brás de Alportel se pode e deve orgulhar.
No que á leitura se refere entrada é-nos referenciada pelos «Moinhos do meu recordar», da autoria do eminente Professor Doutor José d,Encarnação, nome de vanguarda da inteligência sambrazense, que nos descreve os valores desta área, o património moinológico, onde o concelho marca posição destacada, com o dedo apontado, de modo especial e justificado para o recuperado Moinho do Alto do Bengado.
Depois surgem a magnificência dos textos da autoria e assinados pelo saber e mérito de: José Manuel Antonino Belchior («São Brás de Alportel e João de Deus», um aprofundado estuado das relações acontecidas entre o vate e pedagogo messinense e a terra sambrazense); César Correia («Praça - Os primeiros amores», numa réplica bucólica - evocativa em plena Vila); José do Carmo Correia Martins («São Brás de Alportel e o pioneirismo da Modernidade Cultural em Portugal», onde se analisa todo o percurso da cultura desde a criação do concelho - 1914 e os «modernistas» - Orpheu, Manifesto anti - Dantas, Almada Negreiros, Carlos Porfírio, o farense que viveu nos Vilarinhos desde os anos 50, José Dias Sancho e Roberto Nobre); Virgílio Martins («A rabaça - oenanthe crocata, L. - uma planta muito perigosa», referindo tudo sobre este vegetal que deve o seu nome científico «ao aroma floral semelhante ao do vinho); Júlia Neves, nossa estimada prima a quem agradecemos o gesto fraterno da oferta do exemplar nº 2 de «SBA», - «Primavera», com uma linguagem poética e naturalista de gentes, flores, aves e ambiente, saudando a presente estação); Francisco Neves («A ida a banhos», com a sempre aguardada mudança para o litoral - Quarteira, Fuseta, Faro, etc. numas «férias» recordadas); José Amândio Afonso Pereira («O mundo da alfarrobeira e da alfarroba» - um esclarecedor estudo sobre este «monumento» da flora algarvia); Gonçalo Duarte Gomes («Um concelho do Algarve Calcário» - com base num estudo do italiano Gaetano Ferro em 1974 exemplificativos de «territórios costeiros do ambiente mediterrâneo, neste contexto confrontando o Algarve, a Ligúria e o Sudoeste Siciliano), Olga Gago & Teresa Oliveira («Biblioteca Municipal Dr. Francisco do Estanco Louro - 2001 -2021», analisando 20 anos de prestante actividade desta meritória instituição).
Julgo mesmo que o melhor elogio que, honestamente, posso prestar a «SBA - Revista Cultural» é o aguardarmos com assinalada expectativa que chegue o Outono para termos o enlevado deleite de apreciar o seu número III.
JOÃO LEAL
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