RUA FRANÇA BORGES
Situada
na freguesia da Sé esta artéria, referenciada por congregar a maior parte das
casas de prostituição legalizada que, durante décadas, existiram em Faro e
terminaram a sua actividade em 1 de Janeiro de 1962, com a publicação do
Decreto - Lei 44579, de Setembro de 1961, é desde há anos um beco, por via da
sua ocupação imobiliária, na zona nascente. Nesta con-fina com a Rua Dr.
Justino Cúmano e a poente com a Rua Horta Machado e apresenta ainda num dos
seus lados quase todo o aspecto de casas de res-do-chão que eram a dominante da
Faro de então.
A
Rua França Borges congregava uma expressiva maioria das ditas «casas de
meninas», onde se praticava o negócio do sexo. Esta é uma cróni-ca que enfoca
num tema que pode suscitar reacções diferentes dos leitores, mas manda a
verdade que, como com outros temas que muitos, respeitando a sua opinião,
consideram «tabus» (escravatura, inquisição, expulsão dos judeus, etc.), mas
que entendemos devem ser analisados e historiados. Ali se situavam as casas que
tinham os nomes das suas «empresárias» - D. Isabel (Jardineira), D. Hermínia,
«Lózinha»...
Outras
haviam na cidade capital sulina espalhadas pelo tecido citadino - D. Rita
Lagarta, «Maria de Todos», D. Maria Benvinda («Maria de Almodôvar»...
Degradante,
mas acontecia nos termos legais, era a chamada «revista», ou seja, quando, nas
manhãs de 5ª feira, as «meninas», portadoras da sua «caderneta» individual de
saúde e acompanhadas pela «patroa» iam à inspecção sanitária. Esta decorria na
Delegação de Saúde, a funcionar na Câmara Municipal de Faro ou, quando o
responsável pela saúde pública, estava de serviço no Hospital da Misericórdia,
no banco desta unidade e sendo responsável o Delegado Concelhio de Saúde,
funções que durante muitos anos foram desempenhadas pelo ilustre médico Dr.
Arnaldo Cardo-so Vilhena, natural de Almeida e destacada figura cultural e
cívica da cidade.
João Leal
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