NOTA: UM ARRANJO EXECUTADO POR
ROGER, COM FOTO, TEXTOS E POEMAS DIGITALIZADOS
FALANDO DE
VASCO NAVARRO DA GRAÇA MOURA
[1942-2014]
Além de
poeta e romancista, foi ensaísta, tradutor, político e gestor cultural. Foi
Secretário de Estado em 1975, Deputado Europeu entre 1999 e 2009. Foi tradutor
de clássicos da literatura.
Fazia
gala de deixar a esquerda bem pensante em estado de choque perante um
imtelectual politicamente incorreto, capaz de defender a pena de morte para
certo tipo de crimes ou de criticar a admissão de homossexuais na tropa. A sua
poesia alia a sensibilidade lírica a uma linguagem coloquial, combinando o
erudito e o vulgar.
DO LIVRO: “sonetos
Familiares”:
VAI-SE A
LASCIVA MÃO
“Vai-se a
lasciva mão devagarinho
No
biquinho do peito modelando
Como nuns
versos conhecidos quando
Uma
mulher a meio do caminho
Era de
vento e nuvens, sombras, vinho,
E sonoras
risadas como um bando.
Os dedos
lestos vão desenredando
Roupa,
cabelos, fitas, desalinho.
A noite
desce e a nudez define-a
Por
contrastes de luz e de negrume
Ponto por
ponto, alínea por alínea.
Memória e
amor e música e ciúme
Transformados
nos cachos da glicínia,
Macerando
no verão sombra e perfume.”
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Advogado
de profissão, publicou o primeiro livro de poesia, “Modo Mudando” aos 21 anos.
Passou
pela direção da RTP e foi nomeado para sucessivos cargos, desde a imprensa
nacional ao Centro Cultural de Belém, passando pelas comissões do Centenário de
Fernando Pessoa e das Comemorações dos Descobrimentos. Foi um dos proponentes
da Expo 98.
Ria dele
mesmo e gostava de assumir atitudes politicamente incorretas.
Sedutor,
confessava-se um “Admirador do Belo Sexo”
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DO LIVRO
“A PUCHAR AO SENTIMENTO”:
AMAR-TE
CORPO A CORPO
“Se é
esta a doce lei que eu imagino
Do amor
que nos impõe o seu ditado,
Amar-te
corpo a corpo é o meu fado
E
amarrar-me a ti o meu destino
Sentir a
própria alma em carne viva
Respirar
boca a boca e nesse jogo
Atravessar-me
em fogo no teu fogo
E
alimentá-lo a beijos e saliva
Se mais
atino quando desatino
Por meus
jeitos de amor alvoroçado
É no alto
mar revolto e desmaiado
Que entre
peripécias loucas me declino,
Sendo
cada caricia a mais lasciva
A
inventar seus rumos afinal
Na pura
escuridão, na mais carnal,
Que me
cativa a mim e te cativa
Entre as
línguas, os sorvos, as gargantas,
Doces gemidos, ternas resist
ências
e
violências brandas, impaciências,
e tantas
mais carícias, tantas, tantas”
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Vencedor
do Prémio Pessoa em 1995, Graça Moura recebeu inúmeras distinções nacionais e
estrageiras, com destaque para a Grâ- Cruz da Ordem de Santiago da Espada.
Não concordou com o acordo ortográfico de 1990, que considerou “delirante”, tendo publicado o livro ‘Acordo Ortográfico: A perspectiva do Desastre’, em 2008.
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