quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A OBRA DO MANUEL INOCÊNCIO













2008.10.29


UMA ABORDAGEM
À POESIA DE MANUEL INOCÊNCIO COSTA
por JOÃO BRITO SOUSA
Meu caro MANUEL.

Não sou especialista em crítica literária e não é isso que venho aqui fazer. Como apaixonado de poesia e de literatura em geral, venho dar-te a minha opinião sobre as setenta páginas do teu livro.

Apeteceu-me fazer isto que vai acompanhado de um soneto meu.

São vinte e cinco considerandos sobre profissões, será ??? que me parecem muito bem conseguidas na óptica da mensagem. Tu quiseste dizer coisas, e dizer, é fazer chegar à sensibilidade do outro o que nos vai na alma. E aí tu conseguiste dizer que “o Homem Idoso têm o rosto de tez escura, corpo descarnado”...”com um filho pela mão seguia uma mulher” e por aí fora.

Eu ainda sou um homem das rimas e da melodia resultante da harmonia dos sons e sou um indiscutível defensor da mensagem e isso tu tens e a propósito.

A tua poesia é possuidora de uma boa musicalidade que, se a juntarmos à mensagem que possui, dá a tal coisa a que eu chamo poesia.

Considero os temas escolhidos de muito bom sentido de oportunidade.

Aí vai o soneto que fiz, onde toco no mesmo assunto aí da Isabel Coelho, a nossa vice presidente.

A MAIS VELHA PROFISSÃO

Não sei qual é mas dizem que é uma tal
Que está na berra e continua bem rentável
Vai-se a qualquer hora e há sempre pessoal.
Mas diz quem lá vai que aquilo é miserável,

O teu poema Manuel, é crítica social
A essa coisa que agrada aos do dinheiro
Diz-me lá Manuel; e não leves isso a mal.
Não concordas que a saúde está primeiro.?..

Como tudo na vida o dinheiro vai à frente
A coisa é assim mas poderia ser diferente
Há que aceitar as coisas tal e qual elas são ..

Esse trabalho existe desde há muito tempo
Nada há a fazer quanto ao comportamento
Desses que fazem dessa vida a sua profissão

JBS

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro João
Mais uma vez me sinto lisonjeado, pela tua apreciação do meu simples livro, que escrevi apenas pelo gozo que me deu ao caricaturar e ironizar as suas personagens, tentando focar nelas as virtudes, vaidades e problemas delas próprias, que ao fim e ao cabo são as de todos nós. E como tu com muita sensibilidade trataste também da Dama - A mais velha profissão - e te referiste ao Homem Idoso, envio-te com muito prazer, uma reflexão em verso, em conexão com o dito Homem, que, me ocorreu há dias quando andava na caça.
BALADA DA VIDA DE UM CÃO DE CAÇA

Num dia gélido andava eu na caça;
seguia-me o TEJO que a farejar não ia mal;
um companheiro tinha uma cadela de raça;
XENA, a fogosa, assim se chamava o animal.
Jovem, forte, a cadela corria e saltava;
O cão já velho, para caçar ainda se esforçava;
Ela, desvairada, grande energia esbanjava;
ele, experiente, poupando as forças estava.
No desenrolar da caçada, surge uma barreira;
ela, ágil, o obstáculo saltou de modo natural;
ele para o transpor não viu maneira,
de superar dificuldade tão normal.
Três vezes da barreira se aproximou,
Três vezes um pequeno salto preparou,
Outras tres vezes desiludido recuou,
desistindo por fim- e assim se ficou!!
Olhando o cão que dali se ia afastando,
Via-se que estava triste sofria,
certamente da juventude se lembrando,
diferente da decadência daquele dia.
como ve-lo assim era doloroso!!
Observando-se o seu mísero estado!!
aquele não era não um dia famoso,
mas antes quase o raiar do ocaso!!
Eu olhava para o desanlentado cão,
e, ora o via a ele, ora um rosto humano via,
de um homem, que na sua introspecção,
melancólico com a sua realidade se debatia.
era um homem muito ensimesmado,
que para o por do sol caminhava,
da precaridade da vida compenetrado!!
Eu bem sabia o que ali se passava!!
Com um grande abraço
Manuel Inocêncio da Costa