domingo, 16 de outubro de 2022

CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL


EM TEMPO DE FEIRA...

A cidade, capital do Algarve, vive por estes dias e até 23 de

Outubro a tradicional e secular «Feira de Santa Iria». Entre as suas

congéneres é a mais importante, a nível regional e a sua origem,

conforme estudos vindos a público, entre os quais destaco o do dr.

Libertário Viegas, é anterior a 1596. Com efeito foi neste ano que,

vivendo os Reinos de Portugal e dos Algarves, sob a dominação

filipina, o Rei D. Filipe I lhe concedeu o alvará de «Feira Franca».

Tal facto histórico que confere ao certame uma existência superior

aos quatro séculos e diz do que representava já a nível económico

e social.

O vasto Largo de São Francisco, desde há anos, o maior parque de

estacionamento viário do burgo, transforma-se nestas quase duas

semanas, num mundo novo, diferente e cosmopolita. É que, sem a

importância de tempos idos, quando o 20 de Outubro (dia da

Padroeira Santa Iria) e o seguinte movimentavam mundos de gente

vinda de todo o País. A Feira estendia-se então desde o Largo

Afonso III ao Largo D. Marcelina Franco e teve memórias que a

memória guarda. Desaparecido a «catedral do comes e bebes»,

que era o Rolim (ali defronte do Palácio Belmarço), o que permitiu a

libertação de troço das muralhas, sem os famosos e apetecíveis

«perinhos de Monchique» (que se espera os porfiados esforços da

Direcção Regional de Agricultura do Algarve os façam retornar em

quantidade e o ADN único), desaparecida a venda do «soriano»

utilizado na confecção das japonas para pescadores e

mariscadores; sem os barracões (circos) Luftman, Cardinali, Royal,

etc. e os seus apelativos «dama e cavalheiro); sem os robertos e

fantoches («ai Carolina da ponta da unha...»), a «esfera da morte»

onde brilhava o inesquecível ciclista José Martins (Vila Real) ou as

bancas frutíferas do «tinga -la - tinga», feira, não obstante as

naturais evoluções, é sempre um tempo novo citadino que todos os

anos acontece.

Há memória vem-nos a transformação orgânica e luminotécnica

havida na década de 60 do século passado e os nomes do Dr. Luís


Gordinho Moreira (Presidente do Município) e do Eng. Osvaldo

Baptista Bagarrão (Director dos Serviços Municipalizados), que lhe

imprimiram um estilo novo. Como nos ocorre as diversas

localizações desde a Rua e Largo de ao Pé da Cruz à improvisação

acontecida quando o foi em derredor da Doca.

Mas mesmo com todas as alterações havidas, «Feira é sempre

Feira...» e ela aí está!