O 5 DE OUTUBRO E O SR. COSTA PINTO
Era um republicano dos quatro costados e um
oposicionista «fichado» que em efeméride históricas lá
ia passar uns tempos levado pela polícia política. O sr.
Costa Pinto, sempre o conheci em avançada idade,
exercia o seu mister de carpinteiro numa pequena
oficina, na Avenida da República, que antes se chamou
de Rainha Dona Amélia, ali bem perto da estação
ferroviária.
Homem honesto e recto, foi pai exemplar, além de
outros filhos do Tenente General António da Costa
Pinto (último Governador de Damão), com referência
toponímica nesta cidade e do Renato da Costa Pinto,
uma alma de moço meu amigo, que chefiou a
Secretaria da Escola Secundária de Loulé.
Mal despontava a manhã o do 5 de Outubro
(Implantação da República), então sem qualquer
comemoração oficial era da tradição o Sr. Costa Pinto
fazê-lo de uma forma insólita e original. A miudagem
da Ribeira, hoje chamada de Bairro Ribeirinho, também
o sabia e ocorria de rente á oficina, atraída pelos
rebuçados que na véspera o referido senhor comprava
nas vizinhas mercearias do «Zé da Avó» ou da
«Senhora Ermelinda», ambas na Rua dita da Parreira
(oficialmente Rua Gil Eanes).
Perante a gaitagem perfilada e cantando «A
Portuguesa» o sr. Costa Pinto fazia içar a Bandeira
Nacional. Claro que, ainda antes da Bandeira subir ou
dos rebuçados serem distribuídos já a polícia política
estava a desmanchar a celebração, a fazer fugir a
malta e a levar consigo o lembrado republicano.
Histórias de outros tempos de Faro e do seu
«Bairro Ribeirinho (a Ribeira).