terça-feira, 20 de setembro de 2022

 


                       O CICLO DAS FEIRAS OUTONAIS


         Vai iniciar-se, com a realização da «Feira de São Miguel», em Olhão, na derradeira semana de Setembro, o histórico e multi - secular «Ciclo das Feiras Outonais no Algarve. É um tempo e um período próprios, com uma mais marcante influência em tempos idos, mas ainda hoje com um ADN identitário para as terras algarvias onde ele acontece, quase que de um a outro lado da Região.

        «É tempo de feira», costumava-se dizer e sucediam-se hábitos, que hoje são memórias e presenças que hoje são lembranças (os «barracões», como então se dizia em referência aos circos).

         Mas existe sempre, não obstante todas as mudanças e evoluções acontecidas e muitas foram, uma invasão com esse mundo de «muitas e estranhas gentes».

          Após a «Feira de São Miguel» «o maior espectáculo do mundo», em alusão a uma das suas componentes, assenta as suas estruturas em Tavira para termos a «Feira de São Francisco» (4 e 5 de Outubro, dias maiores). Que lembrança, quando acontecia no urbanizado «Campo da Atalaia», das «serranhas» que á entrada da Feira vendiam os seus saborosos e caseiros «bolinhos», que eram um regalo com o acompanhamento de um «calcinho» de medronho ou licor (poejo, hortelã e outros).

             Depois aquela que é, em termos económicos, a mais importante feira das que ocorrem para cá do Caldeirão. Referimo-nos à «Feira da Praia», em Vila Real de Santo António (com período maior de 10 a 12 - feriado em Espanha, na comemoração do «Dia da Hispanidade») e uma verdadeira invasão de espanhóis e há de pesetas, antes do euro ser a moeda comunitária.

              Faro recebe a «Feira de Santa Iria», instituída por alvará régio de Filipe I em 1596, portanto com mais de 4 séculos, na 3ª semana de Outubro, com dias maiores «oficiais» a 20 e 21. É o certame com melhor sentido organizacional e cuidado que tem por cenário o urbanizado Largo de São Francisco.

                A 31 de Outubro e 1 de Novembro (feriado nacional) acontece à beira - Arade, em Silves, a «Feira de Santos). Segue-se a «Feira de São Martinho (11 de Novembro) nas magníficas instalações do Pavilhão do Arade e terrenos anexos, em Portimão.

                  Este «Ciclo das Feiras Outonais no Algarve» tem o seu final em Lagos, com o que era o «dia maior» a 20 de Novembro.

                   Um festivo ciclo que, durante cerca de dois meses, torna diferente várias terras da terra algarvia.

JOÃO LEAL


CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL


      TRÊS INSTITUIÇÕES REFERENTES


        Neste mês de Setembro três colectividades de Faro merecem um destaque próprio e a devida referência por factos havidos. Testemunham, com anos e anos de existência, o que representa pela positiva e de forma assinalável o sentido de associativismo vivido nesta Cidade de Santa Maria.

       A ARPI (Associação dos Reformados Pensionistas e Idosos) viveu como o declarou o seu dedicado presidente directivo, André Infante, «um dia histórico» com a deliberação havida em assembleia geral extraordinária, amplamente participada, ao assumir os teres e haveres da Associação Social e Cultural do Montenegro. Abrem-se assim amplas perspectivas para as respostas de «Centro de Dia» e «Apoio Domiciliário», de tão grande e notória prestabilidade. Surgida há 42 anos a ARPI afirma-se hoje como uma das grandes referências ao associativismo de apoio à III Idade em Portugal.

         A MUTUALIDADE POPULAR (Associação Mutualista) com sócios em todo o País surgiu em Faro, onde tem a sua sede, em 10 de Setembro de 1926, com a designação, conforme alvará, de Mútua dos Funcionários Públicos) e muito pelo empenho do benemérito Professor António Mendes Madeira, que desde há três anos vinha amadurecendo a ideia. A caminho do auspicioso centenário, que ocorrerá em 2026, a significativa efeméride foi assinalada com um festivo convívio dos membros dos corpos gerentes liderados pelos drs. Libertário Viegas (Assembleia Geral), Rui Noronha (Conselho Fiscal) e Carvalhinho Correia (Direcção).

           Finalmente há que fazer uma merecida referência ao MONTEPIO DOS ARTISTAS (Associação de Socorros Mútuos Protectora dos Artistas de Faro), fundada em 1856 pela dinâmica acção de José Joaquim de Moura, em função do restauro do histórico edifício da sua sede social, em cujo primeiro andar funciona a Sociedade Recreativa Artística Farense («Os Artistas), instituída em 1906 e de foi seu primeiro presidente, António José Manjua. Uma profunda intervenção, com pleno respeito pela sua valiosa traça original, que muito vai revitalizar não apenas estas duas instituições como o património citadino.


 TOPONÍMIA FARENSE


ENG. MARCIANO NOBRE EM RUA DE FARO


A quando do «Dia da Cidade» (7 de Setembro) foram

descerradas em Faro placas toponímicas que são homenagens a

vários autarcas farenses. Entre eles figura, a «Rua Eng. Marciano

Nobre», na zona da Lejana (Estrada da Sra. da Saúde), recordando

um «costeleta», que foi destacada figura da vida da capital sulina.

O Eng. José Marciano Nobre nasceu em Santo Estevão (Tavira -

5 de Junho de 1927) e bem jovem veio para Faro. Concluiu o curso

da Indústria na Escola Tomás Cabreira e licenciou-se em

Engenharia Civil no Instituto Industrial de Lisboa. Na sua vida

profissional trabalhou em várias empresas e foi funcionário da

Direcção Hidráulica do Guadiana e da Câmara Municipal de Faro.

No Município exerceu as funções de Vereador (1976/79), eleito em

lista do PSD, tal como Presidente do Executivo, desde 16 de

Dezembro de 1979. Foi-lhe atribuída a «Medalha de Faro» (Grau

Ouro) por relevantes serviços prestados. Esteve muito ligado ao

associativismo, havendo sido Presidente do Montepio dos Artistas e

do Rotary Clube de Faro e Comandante dos Bombeiros Municipais.

Faleceu em Faro aos 87 anos (4 de Novembro de 2014).

Uma honrosa homenagem a um distinto «costeleta»!


JOÃO LEAL

CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL



        O «7 DE OUTUBRO»


       Não tem o significado de uma efeméride histórica ou mundana notáveis, nem um sentido nacional ou universal, dignos de registo. Mas faz parte importante do nosso universo de vida e de lembrança.

       Sete de Outubro, era naqueles distantes tempos, o ingresso pela vez primeira, como que o início de uma recruta no mundo do aprender, na escola primária, então chamada «régia» (por haver sido criada no período quase final do regime monárquico.

          Uma ansiedade na espera de tal data, um estádio de interrogações e o almejar de um mundo novo, de diversos tons e referências irreverentes. Fizemo-lo em 7 de Outubro de 1944 (decorria então esse sangrento conflito, de que os homens parece terem perdido o sentido trágico, que foi a II Grande Guerra Mundial), ufano da bata branca que vestíamos como uma bandeira de paz num mundo novo.

             Fomos para o nobre edifício da Rua Serpa Pinto, no vulgo a Rua da Cadeia, onde antes funcionara a Escola Normal (depois Magistério Primário), que após a extinção da escola pelos novos estabelecimentos de São Luís (Rua João de Deus) e do Carmo (Largo da Feira), se transformou na sede da «Protecção ás Raparigas) e onde hoje é um qualificado estabelecimento hoteleiro. Tina uma porta de saída para a Rua Baptista Pinto, que era confinante com o recreio.

              Tivemos como professora uma distinta e dedicada mestra, a D. Maria Carrilho, três palmos de gente mas um gigante na difícil e nobre arte de ensinar. Foi-o até á 4ª classe, com um empenho e uma dedicação invulgares, que chegava ao ponto de levar, na parte da tarde, a turma para sua casa, situada junto ao actual Palácio da Justiça e aí prosseguir a instrução matinal. Fazia parte de uma geração de professores, a cuja memória prestamos a mais saudosa homenagem e de que, entre outros, agrupava os Professores «Sãobrazinhos - dois irmãos benquistos) e Ferradeira (então já com uma só perna), as Professoras D. Júlia Moreno, D. Felicidade, D. Francisca Guerreiro, D. Júlia Pessanha e outros «mestres» cujos nomes já não nos ocorre. A «contínua», como era designada a auxiliar educativa dos nossos dias, era a paciente Sra. Marta.

              Ali na Escola da Rua Serpa Pinto fizemos grandes amizades, algumas das quais foram esfriando ou desaparecendo ao longo da longeva vida de mais de oito décadas.

              Recordar o «7 de Outubro» é um passeio saudoso ao longo de muitos anos, quando foram os nossos passos primeiros na lembrada «escola régia».


«LIVROS QUE AO ALGARVE IMPORTAM»



     «ESTOI, RUÍNAS DE MILREU»

                                   DR. LUÍS BARRIGA


                   A apresentação esteve confiada ao genealogista, investigador e historiador portimonense Dr. Nuno Campos Inácio sobre a última obra do escritor estoiense Dr. Luís Barriga e intitulada «Estoi, Ruínas de Milreu».

                   Psicólogo clínico e homem de letras, presidente da Associação Cívica Tomás Cabreira o autor é um dos mais referenciados valores da nova geração de plumitivos algarvios e subscreveu já um vasto conjunto de livros, entre os quais: «Postais do Algarve».

                    Tem feito da sua terra natal, Estoi, o local principal das suas obras (o centro da sua vivência social). «Estoi, Ruínas de Milreu» é uma obra actualizada e ilustrada sobre aquele importante património romano.


        «FLÔR É O TEU NOME, NATUREZA A TUA ESSÊNCIA, AUTISMO O TEU MUNDO»

                                                           DRA. NATACHA INOCÊNCIO


       A dra. Natacha Inocêncio, conhecida fisioterapeuta em Portimão é a autora                                 

do livro «Flôr é o teu nome, natureza a tua essência, autismo o teu mundo», no qual retrata o percurso de uma família a cuja filha foi diagnosticado autismo em 2021.

          «O SUL DAS PALAVRAS»

                                                              FRANCISCA GRAÇA

        Na Biblioteca Municipal de São Brás de Alportel teve lugar a apresentação do livro da autoria de Francisca Graça, uma alentejana natural de Selmes (Viidigueira). A apresentação esteve a cargo do conhecido artista farense Joaquim Teixeira, que declamou alguns poemas desta obra. O evento teve a participação do Grupo de Cavaquinhos da Universidade do Algarve para a III Idade.

                                                                                           JOÃO LEAL