MARIA JOSÉ FRAQUEZA
Eu a conheço e muito estimo e pergunto: - Quem não a
conhece e a não estima? Vem tudo isto a propósito do livro de
sua autoria «Alcunhas de Olhão», recentemente apresentado na
Biblioteca Municipal Mariano Gago, em Olhão. Revela o mesmo
toda a capacidade criativa desta nossa colega, seu poder
descritivo e investigatório e a plena continuidade de uma
valiosíssima acção cultural que, com empenho, saber e
intuição, tem desenvolvido.
A professora Maria José Conceição Fraqueza, exerceu com
rara dedicação e empenho, o ensino nas Escolas Secundárias
de Almada, Estremoz, Vila Real de Santo António e Faro (Tomaz
Cabreira, onde em menina e moça, frequentou o Curso Geral de
Comércio). Aluna e professora de grande relevo, ela representa
hoje a expressão maior da vida cultural fusetense, havendo sido
dado o seu nome, em reconhecimento de tal valor, à Biblioteca
Fixa nº 9 da Fundação Calouste Gulbenkian, onde tivemos a
mercê de trabalhar.
A «Zézinha», a nossa Maria José Fraqueza, foi (e ainda hoje
não obstante as limitações físicas), igual a si mesmo - alegre,
jovial, fraterna e um manancial de vida, que se fazia sentir e
repercutir mal entrava na automotora na Fuseta A, manhã cedo
para vir estudar. Nasceu na «Branca Noiva do Mar», no dia 8 de
Maio de 1936, onde foi baptizada e é, por todas as razões, «uma
orgulhosa fuseteira».
Casou com o nosso muito estimado amigo, sr. Rui Amálio
de Jesus Fraqueza, seu dilecto colaborador e devotado
companheiro de toda uma vida. Longo, extenso mesmo, é o seu
múnus bibliográfico («Histórias da minha terra», «Murmúrios do
Mar», «Cântico das Lendas», «Há Natal dentro de Mim»,
«Maresias Infinitas», «Maré de Trovas», «Mar Infinito», «Mar de
Rosas», «Tochas Floridas», «Alcunhas Olhanenses», etc., etc.)
Em Novembro último foi, com todo o mérito justificativo,
homenageada pela Câmara Municipal de Olhão, com um dos
mais distintos galardões autárquicos, esta mulher cujo labor
cultural, talvez só o possamos comparar, nestes séculos XX e
XXI ao do também «costeleta», o sempre saudoso João de Deus
dos Reis Andrade. Do seu «deve e haver» anotamos as marchas
populares, as charolas, o teatro, os Jogos Florais do Carmo
(hoje com uma dimensão pluricontinental) e todo um intenso e
vivido labor da Maria José Fraqueza, cuja Casa - Museu, na
Fuseta, é bem o espelho do que tem sido a sua vida - uma
doação permanente aos outros e em favor dos outros.
JOÃO LEAL