sábado, 1 de novembro de 2008

TEXTO EM HOMENAGEM À MARIA JOSÉ FRAQUEZA.


A MULHER ESPOSA
por João Brito Sousa


Este texto é oferecido com amizade A MARIA JOSÉ
FRAQUEZA, com um voto de reconhecimento por ter levado tão longe o nome da escola.



As mulheres esposa, surgem do matrimónio, resultado de uma relação de afectos bem conseguida e constituem por si só, um elemento preponderante e decisivo na dinâmica do sistema social em que se inserem. Há mulheres esposa se houver maridos, constituindo-se assim o casal.

Por definição, a figura central do casal, a quem a mulher esposa deverá amar, constituindo a sua obrigação primeira e acima de todas, é o marido. O amor conjugal é o amor verdadeiro carregado de dedicação e respeito. Neste campo, diremos que a mulher ama perfeitamente quando, deslumbrada por esse sentimento, perde a dimensão da realidade e fica certa que nenhum é mais forte nem mais belo do que o seu esposo.
Na Idade Média afirmava-se que o marido amava mais do que a mulher e amava com um amor mais nobre e distinto, uma vez que o marido estava para a mulher como o superior para o inferior, como o perfeito para o imperfeito, como aquele que dá para aquele que recebe, como o benfeitor para o beneficiado.
Mas amar o marido é uma atitude que poderá cair no âmbito de uma honrada submissão voluntária, mas, se a atitude de amar não for espontânea e voluntária, converte-se numa obrigação de amar o marido, condição que lhe é imposta como essencial derivada de ser esposa, revelando-se uma tarefa ingrata e marca de inferioridade.

A mulher é condenada a amar, de um modo total mas errado, num esforço contínuo de inadaptação a um amor que ela não tem para dar, constituindo-se como um objecto passivo deste suposto amor, que ela, apesar de tudo, deve fazer-se amar, para evitar que o marido a desconsidere, já que muitas vezes é pedido à mulher uma muda e total obediência.

Saber escolher uma boa mulher, ou, uma mulher bem preparada para o bom desempenho de esposa, parece-me ser a primeira dificuldade do candidato a marido e o primeiro pressuposto para se iniciar correctamente a vida matrimonial.

A tarefa não é fácil mas poder ser ultrapassada com o auxílio de alguns atributos. .A riqueza do dote é quase completamente irrelevante, mas a origem familiar, os costumes honestos, a beleza exterior, a idade (que deve ser substancialmente semelhante num e noutro membro para garantir homogeneidade no casal), são elementos indispensáveis para que exista concórdia e estabilidade.

Há uma passagem na Bíblia que rejeita uma beleza demasiado difícil de guardar e uma fealdade demasiado fastidiosa de suportar. Mas isso pode não ser bem assim, porque beleza e fealdade poderão estar directamente ligadas à fidelidade, uma obrigação recíproca dos conjugues, apesar de muitos maridos pensarem injustamente estar a ela menos vinculados que as esposas, sendo certo que a mulher «guarda melhor a fidelidade que o marido» derivado do temor Deus, do controlo do marido, da vergonha perante os outros etc.. etc.

Da reciproca posse do corpo, implica a exclusividade da relação e portanto uma mútua e absoluta fidelidade, requisito indispensável do matrimónio.
(continua)

João Brito Sousa
Bibliografia consultada: História das Mulheres de G. Duby e M. Perrot

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