domingo, 16 de agosto de 2009

CRÓNICAS DA SEMANA (8)

Igreja da Sé


O Baile de Finalistas


Se tu, “Costeleta e outros” se convencessem da utilidade de colaborar e escrever neste “Blogue”, e trabalhassem no complemento deste “Edifício”, sentiríamos o palpitar nos vossos corações, o mesmo amor à Escola com as histórias que fazem palpitar os nossos.
As histórias que aqui contamos ou transcrevemos, não atestam contra a dignidade de quem quer que seja, pelo contrário, elas poderão servir para os que, presentemente no ensino, tirem as ilações para uma melhor formação do carácter.
Nas histórias “Naquele Tempo” existem casos e patranhas notáveis, verídicas, que julgamos dever publicar, por serem curiosas e atestarem uma certa antiguidade na nossa recordação. Recordar é viver!
E, para complemento desta crónica, fomos escolher o texto escrito pelo saudoso Professor Franklin Marques, no ano da graça de 1995. Reza assim:

«Momento alto da vida escolar, cúmulo não só de um ano lectivo, mas igualmente de um processo de preparação para a vida, era a festa de despedida. Ser finalista significava ter adquirido um estatuto de maturidade e de “sabedoria” que os mais putos respeitavam e invejavam.
Mas a festa dos finalistas não constituía, propriamente, a oportunidade para alívio de um fardo. Era gratificante terminar um curso, sem duvida.
Mas a saudade da escola começava, já ,nesse mesmo dia.
1953 foi o nosso ano de finalista. Fizemos parte do primeiro “contingente” de moços (e moças) diplomados com os Cursos Gerais criados pela reforma de 1948.
Descrever o alvoroço desse dia é tarefa quase impossível. Afinal, a gente contentava-se com tão pouco... Mas a verdade é que o nosso entusiasmo e expectativa eram despropositadamente enormes em relação à simplicidade da festa.
Tudo decorreu, um pouco à semelhança de outras “festas de finalistas”.
Ão fim da tarde, um jantar de confraternização na cantina da Escola. Coisa simples e... “muito em conta”, que a época não era para luxos. Depois, um “Acto de variedades”, no ginásio, com cantigas, música e poesia, tudo ensaiado por esse professor artista que é o Dr. Jorge Ferreira Matias.
E a noite conclui-se com um animado baile, no salão nobre da Câmara Municipal, até então apenas cedida aos moços do Liceu para o seu tradicional baile do 10 de Dezembro. (Onde a malta da Escola não tinha entrada,,,)
O baile dos finalistas!!! Quem o não evoca, hoje, como um dos momentos mais saudosos da passagem pela Escola? E a forma elegante como ele decorria!...
Abria-o uma moça, finalista, já se vê, que para o efeito convidava o Director. E, lá mais para diante, era a “valsa dos finalistas”. Rodopiavam pares. Todos, eles e elas ostentando, na lapela do casaco ou pregada no peito, a fita bi color – azul e vermelha – com a gravação em dourado “FINALISTA”.
Terminava a festa quando a manhã já se fazia anunciar. Era preciso descansar e refazer energias para o outro “baile” que se aproximava – o “baile” dos exames.
Mas, se ser finalista era tão bom, tão bom, que havia sempre quem o quisesse voltar a ser no próximo ano...
Eles lá sabiam porquê...»

Se há quem goste e desgoste daquilo que escrevo, esta transcrição irá, com toda a certeza, ao encontro do quem goste.
Como escrevia o Dr. Domingos Grilo, presentemente Director da Tomás Cabreira, «... se há coisa que não se perde são as recordações e mal de nós quando nem de nós soubermos fazer história.»
Voltarei pela semana. Até lá!

Alfredo Mingau
Recebido e colocado por Rogério Coelho

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