terça-feira, 13 de outubro de 2009

RECORDAÇÕES E CASOS DA VIDA REAL DE UM COSTELETA APOSENTADO

Paixão Pudim





­"UM ACONTECIMENTO PITORESCO"

Profissionalmente, sempre estive ligado à construção civil, actividade propícia e fertil a diversos acontecimentos, ...peripécias sentimentais... e a situações hilariantes, ... algumas rocambolescas, outras caricatas... basta considerar as origens do pessoal com hábitos e costumes de países bem diferentes, ...do leste europeu ao Brasil, da Ucrânia à Índia e, evidentemente, ...África. Se a este pessoal juntarmos os Portugueses... mais o ambiente favorável das obras ao ar livre, eis que estão reunidas Todas as condições para desenvolver espirituosamente o "desenrascanço" das mais incríveis situações.
Hoje, convido os leitores de "o Costeleta", e deste blogue, a sorrirem e, ao mesmo tempo, meditarem sobre um caso que me surpreendeu pela invulgaridade e credibiliza genuinamente qualquer interpretação que se deseje avaliar no campo social, educação, civismo, religião e, até crenças das diversas populações que existem no mundo em que vivemos.
Para apimentar esta minha interessante recordação começarei por tentar recriar o ambiente vivido e localizar todo o acontecimento.
... Já passaram sete anos, talvez nos primeiros meses de 2002, no Lumiar – Urbanização Alta de Lisboa, Musgueira, decorriam trabalhos de demolição das barracas existentes e, ao mesmo tempo, edificavam-se, nas proximidades, os primeiros edifícios... hoje, zona nobre.
É sabido que aonde há obras (esta não foi excepção}... é normal, perto do meio dia, hora do almoço do pessoal aparecerem cães esfomeados, autênticos "vira-latas":.. de todos os tamanhos e raças... com predominância de rafeiros. Também se fazem notar alguns "envergonhados" lúlús perdidos e assustados que ficam receosos a aguardar a vez de saciarem. Evidentemente, as "beldades" caninas, conhecidas por cadelas, fazem aparições expontâneas e, se estão com o cio, tudo se complica e provocam imediato burburinho. Deixam a comida para mais tarde e dão largas ao processo de "pro-criação".
Certo dia, um perdigueiro atrevido e uma rafeira semi-coker, apaixonaram-se e... zás... fizeram sexo... a natureza "ditou leis" e ficaram "colados".
A cena desenrolou-se no meio do arruamento da obra ao refeitório, próximo da sala de reuniões. Aqui, aproveitando uma pausa nos trabalhos a maioria dos técnicos estavam no exterior, alguns a fumar... ficando algo surpreendidos com a dita cena dos cães.
Lembro-me que a nossa grande preocupação, foi disfarçar o acontecimento em atenção às duas engenheiras estagiárias, poupando-as a tal exposição canina.
Depois desta protecção conseguida, fomos novamente surpreendidos com a reacção dos diversos grupos de trabalhadores que passavam no local a caminho do almoço, e davam de caras com a "colagem dos cães".
Assim:
- Os Angolanos, quando viram os animais, começaram a rir desalmadamente às gargalhadas, alguns até batiam com as mãos na barriga.
- Os muçulmanos rezaram e abençoaram com gestos de agrado.
- Os Indianos pronunciaram algumas palavras solenes e afastaram-se como que envergonhados;
- Os Ucrânianos passaram em silêncio e respeito;
- Os Búlgaros bateram palmas e mostraram contentamento;
- Os Romenos entoaram cânticos apropriados e sorriram;
- Os Brasileiros dançaram samba animadamente junto dos animais sem molestarem;
Até que chegou um grupo de indivíduos atirando pedras e paus... um deles, despejou um balde cheio de Água em cima dos animais
Diz-me um colega em voz alta:
- Zé Paixão chegaram os Portugueses!
...Sem comentários!... que seriam, naturalmente, tristes e confrangedores... Evidentemente, o pessoal foi advertido
.
Paixão Pudim

3 comentários:

Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira disse...

Caro Paixão
Gostamos de ler este teu trabalho.
Nessa zona da tua residê ncia devem residir mais costeletas, que podem contribuir colaborando no nosso blogue
Aguardamos.
Um abraço
A Direcção

Anónimo disse...

O TEXTO DO ZÉ MERECE MAIS.

Parabens à Direcção por ter comentado o texto do Zé Paixão.

Um texto deste gabarito, perdoem-me, mas tem de ter mais comentários.

Porque o texto vem mesmo a calhar para um debate cultural, para uma troca de ideias em termos de medir o pulso à condição do nosso tecido operário.

Maurício Severo como é?... nada mesmo?...

Considero este texto um ponto de partida para discutirmos o problema do ensino em Portugal. Um aluno do 11º ano de hoje produz um texto desta envergadura, com português correcto, bom ritmo, de ideias e mensagem pertinentes?...

Acho que o blogue poderá ser participação e discussão...
educadamente,claro.

Possuir o dinamismo a que tem direito.

Ser costeleta, em suma.

Quero deixar ao Zé Paixão o meu reconhecimento de mérito ao seu texto, porque é coerente do princípio ao fim, porque não é fácil escrevê-lo.

Parece, mas não é.

Aí vai um abraço do
JOÃO BRITO SOUSA

Anónimo disse...

Caro Paixão
Um abraço
Parabéns pelo que nos conta no seu
texto, uma verdadeira lição para
quem a queira aprender.

Tenho em minha casa cinco cães,
fieis e dedicados companheiros,que
muito estimo. Choca-me verificar
que ainda muita selvajaria existe,
própria dum povo que nada prendeu
no respeito pelos animais.
É triste verificar que outros
povos com culturas diferentes nos
dêm lições de civismo e educação.
Não é só com animais que isto
acontece. A falta de educação de
um povo manifesta-se de diversas
maneiras,como a destruição de
árvores e flores nos Jardins,
a conspurcação das vias públicas,
a linguagem depravada, etc,etc,.
Para corroborar o que disse,
posso também dizer que ,numa estadia em DUSSELDORF eu, e cerca
de vinte jóvens portugueses tivemos
necessidade de almoçar.
Procuramos um restaurante,onde
na sala de jantar, em silêcio,esta-
vam algumas pessoas a alnmoçar.
Uma música de fundo,muito suave,
era a única coisa que se ouvia !

O Gerente ao aperceber-se que nós
eramos Portugueses ou Espanhóis,
disse logo que não havia lugares
na sala. Só no 1º Andar !
Razão da decisão do nosso homem:
- A barulheira que faziam os nossos
jóvens e os amigos Hermanos, que
não sabiam comportar-se à mesa !!
Antigamente, quando a "Escola era
risonha e franca", ensinava-se
a juventude a respeitar as Árvores,
as Aves,os Animais, e a tratá-los
com carinho.
Esses bons costumes quási desa-
pareceram e deixaram de ser ensina-
dos pela família e educadores.
Temos aí o resultado!
Sempre a vélha EDUCAÇÃO !

UM ABRAÇO AMIGO DO

MAURÍCIO S.DOMINGUES