Transcrevemos do Jornal Algarve o que o Costeleta e Jornalista João Francisco Manjua Leal escreveu
Rua da Madalena, “Faro em Ruínas”
Inúmeros laços afectivos (a lembrança de
companheiros de então, entre os quais o Jorge Cachaço ou essa figura sempre
presente, que era o “moço montanheiro” que “das brenhas de lá do Alportel
viera”, o saudoso Marcelino Viegas ou a vizinhança que ali habitava ou tinha
oficinas (mestres José de Gordinha, serralheiro e dirigente associativo; mestre
Artur, emérito e veterano futebolista do Farense; “tio Pio”, do “Correio do
Sul”, os “Clãs Larguito e Galvão”, etc), bem como familiares, de que residiram
vários membros, prendem-nos, de uma forma especial, a esta Rua da Madalena, que
outrora, conforme a tradição e a placa toponímica o assinala também era
conhecida pela “Rua do Papa Lebres”.
Quando nas nossas voltas citadinas
voltamos, o que, por razões sentimentais, com frequência acontece a este bairro
onde nascemos, crescemos e vivemos dos anos mais descuidados e felizes da nossa
vida jovem, dói-nos ver como ele se encontra em progressiva decadência e
desmoronamento, rumo acelerado a uma ruína total, imagem que se aplica de
maneira especial com o trânsito em grande parte proibido à Rua Madalena ou do
“Papa Lebres”.
Este nome Madalena, um topónimo usado em
várias designações por esse mundo em fora, ocorrendo-nos a famosa parisiense
“Place de la Madeleine”, é aqui em Faro aplicado também ao singelo Largo e à
Travessa que vem desembocar na Avenida da República. No primeira existiu a
secularizada Igreja da Madalena que no último quartel do século passado foi
transformado em bar, conservando parte dos traços arquitectónicos originais.
Fazia parte do imóvel onde está instalado um dos mais antigos estabelecimentos
hoteleiros algarvios, a Pensão Madalena e era propriedade de “um rico
comerciante”, João de Carvalho Ferreira, constituindo o vocábulo Madalena, no
dizer do investigador, sociólogo e historiador Dr. Libertário dos Santos Viegas
“um dos topónimos mais antigos da cidade”.
A Rua da Madalena necessita de uma
urgente e rápida intervenção global e com pleno respeito pelo que foi e pelo
que representa para a urbe farense. Esta acção deve ser uma corolário da
cooperação – realização entre proprietários, inquilinos e o município, tendente
a evitar a derrocada que se adivinha a olho nú e às mazelas que ali se
descortinam.
João Leal
Colocado por
Rogério Coelho
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