Reflexão sobre a economia
Tema de
permanente discussão e análise, a ciência económica, é hoje escalpelizada
por economistas, jornalistas/economistas, comentadores de televisão e rádio,
e qualquer cidadão minimamente informado ou preparado academicamente.
Pode significar
uma vitória desta ciência? Sim, se a política partidária não invadisse a área
desta ciência, e consequentemente não lhe faltasse honestidade intelectual.
Reconheço a
existência neste tema, do velho ditado popular – De médico e de louco todos
temos um pouco – embora na ciência económica o conhecimento das pessoas
em geral, seja real. Bastará a economia caseira, e estaremos perante um
“economista” .
Embora não
seja economista, nem jornalista, tão pouco comentador, julgo ser um
cidadão minimamente preparado e informado.
Pela leitura de
alguns tratados de economistas ao longo dos anos, continuo a considerar que a
França deteve a primazia da ciência económica, a par da ciência contabilística,
seu instrumento de controlo.
Do livro “Como
Funciona a Economia “, escrito pelo professor de ciências
económicas da Universidade de Paris “ Jacques Lecaillon “,e que servia de
estudo aos alunos do Instituto Superior de Economia ( hoje ISEG) na década de
oitenta, retirei este excerto de texto, que deixarei à reflexão dos
leitores, para ser comparado com as teorias neoliberais que grassam hoje na
Europa e têm particular eco nos nossos políticos do arco da governação
(como se diz atualmente).
“...A
economia moderna deve ser uma economia mista, na qual o Estado tem um papel
importante, nomeadamente com o objectivo de assegurar um nível elevado de
emprego à mão de obra nacional.
Reduzindo os
impostos, a fim de deixar mais dinheiro disponível nas mãos das famílias e das
empresas, aumentando as despesas públicas e financiando grandes trabalhos de
infraestruturas ( hospitais, escolas, vias de comunicação, conservação das já
existentes, etc ) tornando mais fácil e menos oneroso o crédito bancário, os
poderes públicos fornecem aos diversos intervenientes na visa económica os
meios para adquirirem maior quantidade de bens e de serviços, o que estimula as
vendas de produtos de todos os tipos.
As vendas levam
as empresas a desenvolver a sua produção, a contratar trabalhadores e a
encomendar novas máquinas e equipamento.
É, portando,
possível resolver os problemas do desemprego eventual, graças às intervenções
do poder público, que podem contudo conduzir a um orçamento deficitário;
diminuir os impostos e aumentar as despesas do Estado é desequilibrar
inevitavelmente o orçamento.
Uma tal política
deve, portanto, ser conduzida com precaução, porque pode ter consequências
inflacionistas; mas ele justifica-se numa economia em estagnação, cujo
potencial de produção não esteja plenamente utilizado; espera-se, por outro
lado, que, através do aumento do rendimento de todos, ela traga também as
necessárias compensações fiscais.
Do mesmo modo, a
economia moderna é uma economia aberta ao exterior; um esforço de promoção de
vendas ao estrangeiro pode constituir um meio de empregar a mão de obra
disponível.
A intervenção do
Estado, assim como o comércio externo complicam o funcionamento do circuito
económico. Mas a sua existência é necessária por significarem fenómenos
compensadores que permitem combater o desemprego...o que a economia de mercado,
por si só, não evita.”
jorge tavares
costeleta
1950/56
Sem comentários:
Enviar um comentário