terça-feira, 22 de abril de 2008

À CONVERSA COM O COSTELETA

(foto reirada do site http://www.olhão.web.pt)


Prof. DIAMANTINO PILOTO

Notabilizou-se pela cultura, sobretudo como escritor e músico, e um grande amor por Olhão.

Nasceu apenas remediado - o pai era soldador numa fábrica de conservas e mais tarde passou a carteiro, sendo a mãe costureira -, em Tavira no dia 24 de Maio de 1922, e falece em Olhão a 7 de Março de 2000.

Logo aos 6 meses passa a residir em Olhão onde fez a instrução primária. O pai era um homem pouco instruído mas esclarecido, tendo sempre estimulado o filho a prosseguir os estudos, mas o jovem Diamantino quis começar logo a trabalhar aprendendo o ofício de serralheiro. Mais tarde o pai convence-o a estudar em casa, com a sua ajuda, e propor-se a exame.

O pai, apesar de apenas ter a 4ª classe, estuda com o filho e este passa o exame do então 1º Ciclo (actual 6º Ano). Diamantino Piloto passa a dedicar-se em pleno ao estudo mas quando já estava quase no 5º Ano (actual 9ª Ano) prefere mudar para o curso industrial. Mais tarde termina o curso de Engenheiro -Técnico Electromecânico no Instituto Industrial de Lisboa.

Trabalhou então como professor nas Escolas Técnicas de Faro e de Olhão, foi funcionário da Inspecção Geral dos Produtos Agrícolas e Industriais, da Federação dos Municípios do Distrito de Faro e depois na Electricidade de Portugal.

Dedicou-se com mestria à guitarra clássica, e foi professor deste instrumento no Conservatório Regional de Faro durante 11 anos. Em conjunto com alguns olhanenses virtuosos na guitarra clássica (Jónatas da Silva, Adriano Baptista, João Alberto, mais conhecido pelo Pad Zé) participou em muitos concertos e guitarradas e ainda promoveu uma série de quatro concertos de guitarra clássica com o seu mestre Duarte Costa em Olhão, memorável para os melómanos olhanenses.

Na década de 1950, faz parte da direcção do clube desportivo "Os Olhanenses" onde cria um boletim cultural com a colaboração de Joaquim Carlos Silvestre, António Macheira, Vitoriano Rosa, Ramos Rosa, e outros.

Neste boletim inicia-se a publicação dos seus primeiros contos que depois serão reunidos em livro: O meu Olhão (crónicas) e Contos de Olhão - Algarve em Foco, Faro, 1997.«Cêdê», relativo a um marítimo pobre da ilha da Culatra, é uma pequena obra-prima da literatura mundial

Se tivéssemos conversado, seria mais ou menos assim.

Professor, é verdade que gostou da vida?

Sim, esse tempo que tinha à minha disposição para o utilizar conforme melhor entendesse e da forma que fosse mais rentável para mim, foi de facto consumido com muito gosto e alegria.

Qual foi o melhor período?

Tudo foi bom, a infância com toda a sua pureza e inocência, os primeiros tempos da escola, o primeiro ofício, os exames que eu adorava fazer, o curso de Engenheiro Técnico, o ser professor no ensino secundário em FARO e OLHÃO, a literatura, os livros que escrevi... enfim, nunca tive tempos mortos nem coisas para fazer que não gostasse.

Considera-se um vencedor?

Não, considero-me um trabalhador. Sou um trabalhador intelectual. Poderia ser um trabalhador rural, sem desprimor algum, mas não sou., considero-me, modéstia `a parte, um homem da cultura., do conhecimento...

O que é para si cultura?

Bem há aquela frase feita que toda a gente conhece e que eu aceito. A frase diz:” Cultura é tudo aquilo que sabemos depois de termos esquecido tudo aquilo que aprendemos”. Eu concordo com esta definição.

Professor, acha que os males do mundo se resolvem através da cultura ?

Sim, por mais coisas até, mas principalmente com a cultura. A cultura é baseada nos conhecimentos que cada um de nos tem e só através da cultura nós teremos capacidade para analisar os males do mundo e tentar resolvê-los.

Gostou da profissão de professor?

Muito, gostei muito de ser Professor. Contactar com os jovens foi um privilégio enorme que me calhou em sorte. O simples facto de me sentir obrigado a trabalhar para os alunos, me encantou pelo simples facto de me sentir útil.

Prof, foi muito bom ter falado consigo e até uma próxima oportunidade..

Texto de
João Brito Sousa
(parte retirado da net)

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