sexta-feira, 4 de setembro de 2009

PESCA NA PRAIA DE FARO

Um Conto de Alfredo Mingau

Neste meu “prefácio”, não pedi a ninguém que o fizesse, gostaria de afirmar que é bastante fácil escrever estes pequenos “Contos de ficção”. Basta “inventar” uma situação. Depois, dar-lhe corpo e expandir, para não ficar resumido a meia dúzia de linhas. Por outro lado, não convém dar largas à imaginação para que o corpo do texto não fique longo, portanto, maçador. Pode ser que, com este prefaciado, venham escritores para este nosso Blogue. É necessário! Colaborei com 9 crónicas, e 9 contos a que interpretei como de “ficção. Na realidade apenas o conto DUETO é imaginativo, todos os restantes são verídicos. Aconteceram. Gostaria de afirmar, no meu ponto de vista, que a escrita é inesgotável e que a imaginação não tem limites. A aventura do Alves de Sousa a saltar nú pela janela, como conta o Costeleta Maurício, não é uma história isolada…dará para uma próxima…!
É minha intenção de por um ponto final… e aguardar pelo parágrafo; se for caso disso.
Gostei muito de ter colaborado. Venham outros!Um abraço para todos. Até sempre AM amingau09@gmail.com
O LINGUADO
Por Alfredo Mingau
O “Moce” gostava imenso de pescar. Tinha um barco, que não era propriamente dele, com motor de bordo de cinquenta cavalos, e, com ele, saia a barrinha da Praia de Faro para ir pescar ao largo da costa, na pedra, como diziam todos os pescadores que se dedicavam, desportivamente, a este género de pesca com cana. E, na gíria dos pescadores, era normal apanhar um “chibo”. Mas o vício fazia-o lá voltar. Existem muitos Costeletas na arte de pescar. Todos os pescadores desportivos são os maiores mentirosos. Que me desculpem todos os pescadores que me lêem.
E o “Moce” também gostava de pescar na Ria Formosa, principalmente à noite, com o candeio de um “petromax”, passe a publicidade, na apanha de chocos com a fisga. Pesca considerada proibida.
E naquela noite, o nosso pescador, porque a maré estava na baixa-mar, pegou na fisga, no balde, acendeu o petromax e meteu os pés dentro da água da ria. Porque estávamos na época balnear, a água encontrava-se a uma temperatura agradável. E começou a pesca utilizando a fisga que tinha um cabo e cerca de cinco dentes, com farpa na ponta, parecidos com anzóis grossos mas direitos.
E a pesca foi dando os seus frutos, um choco aqui outro acolá e, de vez em quando, um linguado. E, foi, o que poderia ser um linguado, que estragou a pescaria naquela noite.
- Cá está outro linguado, pensou ele.
Fez pontaria com a fisga e zás! O linguado era o seu pé…um grande berro de dor se repercutiu na noite. Não tinha ninguém que lhe acudisse. A dor era enorme porque não podia tirar a fisga devido as rebarbas nas pontas que tinham atravessado o pé. Gritou! Dritou!
Valeu-lhe a passagem de um pescador que seguia para a faina na sua lancha e, ao ouvir os gritos se aproximou.
- Homem, como raio é que fez isto?
- Parecia um linguado, respondeu chorando de dor.
O pescador, com as ferramentas que tinha na lancha, conseguiu partir as pontas da fisga no encaixe que, sendo de aço, não dobravam e se partiram
E o nosso pescador furtivo, com o pé entrapado, lá conseguiu chegar ao Hospital da cidade, onde foi tratado.
E não julguem que isto lhe tirou a vontade de pescar… nem por sombras!
Os “mentirosos” voltam sempre ao local da “mentira”.
A praia de Faro era o local ideal para este género de pesca. Já não é; a polícia marítima, nas suas rondas pela noite, faz a fiscalização da Ria Formosa.
Recebido no mail da Associação e colocado por Rogério Coelho

7 comentários:

Anónimo disse...

CARO ALFREDO
UM ABRAÇO

NÃO HÁ DÚVIDA QUE O ALFREDO É
UM EXCELENTE COLABORADOR DO NOSSO
BLOGUE!. CONTA-NOS VERDADEIRAS
HISTÓRIAS.
OS BERBIGÕES ABERTOS NA CHAPA, AQUECIDA NO FOGARREIRO, ACOM-
PANHADOS DE UM BOM VINHO TINTO
E PÃO CASEIRO, É DE COMER E PEDIR
POR MAIS.
BERBIGÃO A MEIO-TOSTÃO É COISA
QUE NÃO CABE NA CABEÇA DOS COSTE-
LETAS DE AGORA !
MAS... VAMOS LÁ A AGUARDAR COMO
É QUE O ALFREDO NOS PREPARA A
PRÓXIMA EMENTA . CALDEIRADA DE
CHOCOS,COM BATATA NOVA, E O
APETITOSO "LINGUADO" ATRAVESSADO
PELA FISGA DO NOSSO PESCADOR,
GRELHADO NO CARVÃO, BEM COBERTO DE
MANTEIGA E COM UMA RODELA DE LIMÃO.
TODOS NÓS, FAMINTOS DE TAL IGUARIA, FICAMOS À TUA ESPERA CARO
ALFREDO.

UM ABRAÇO MAIS DO COSTELETA
MAURÍCIO S. DOMINGUES

Anónimo disse...

Para o Alfredo Mingau.

Viva.

Parabens pelo texto que apresentaste.

Um abraço do

JBS

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira disse...

NOTA. Removi o comentário que fiz, por duplicação.

João Brito Sousa

Anónimo disse...

Para quem escreve, é sempre uma consolação ler os bons comentários que fazem. É um lenitivo para dar prazer e força para continuar.
Fico agradado com o facto. É uma bela prova de lhaneza para quem o faz. Obrigado.
Alfredo Mingau

romualdo.cavaco@sapo.pt disse...

Linguado atravessado???!!!
Eu conheci a "da lebre atravessada"!!!
- As Ternas das Caldas de Monchique eram autosuficientes em todos os géneros alimentícios pois que o terreno anexo que lhes pertenciam (e pertencerão) compostos de canteiros agricultados com carinho e esmero. Isto sem falar da caça existente na zona envolvente.
Certo dia o Sr. Guilherme caçava na proximidade e vê uma lebre furtiva. Entre tantos eucaliptos escolhe uma abertura e ... preme o gatilho ... acerta em cheio... a lebre ficara cravada na árvore. Aproxima-se ... puxa ... puxa a lebre pelas patas mas fê-lo com tanta força que trouxe a pele deixando o bicho na árvore.

Anónimo disse...

CARO SENHOR ROMUALDO
OS MEUS CUMPRIMENTOS

SEM PRETENSÕES A LINGUISTA, UTILI-
ZANDO AS EXPRESSÕES POPULARES,OUVI-
DAS NO DIA A DIA, NÃO ME PARECE
QUE DIZER "LINGUADO ATRAVESSADO
PELA FISGA DO NOSSO PESCADOR " SEJA UM ATENTADO À LINGUA PORTUGUESA, NEM MOTIVO PARA TRÊS
INTERROGAÇÕES E TRÊS EXCLAMAÇÕES E
AINDA A HISTÓRIA DE "UMA LEBRE
CRAVADA NA ÁRVORE " .
ASSIM, MUITAS EXPRESSÕES E PALA-
VRAS USADAS NO LINGUAJAR DO POVO,
MUITAS DELAS ENCONTRADAS NO
"DICIONÁRIO DA LÍNGUA ALGARVIA ",
SÃO USADAS DIÁRIAMENTE PELA NOSSA
GENTE, NO CAMPO E NA CIDADE.
PARA MIM, "ATRAVESSADO" , DE ATRA-
VESSAR = A "TRESPASSAR", "VARADO"
DE VARAR, A EXPRESSÃO QUE USEI
NÃO ME PARECE QUE TENHA GRANDE
DIFERENÇA.

O QUE ME SURPREENDE E QUE NUNCA TINHA LIDO, NEM OUVIDO, FOI "UMA
LEBRE CRAVADA NA ÁRVORE".!
PERGUNTO CARO COSTELETA ROMUALDO.
A LEBRE FOI "CRAVADA" NA ÁRVORE COM
CRAVOS, PREGOS OU CHUMBO ???


UMA BOA NOITE

MAURÍCIO S. DOMINGUES