terça-feira, 13 de maio de 2014

CANTINHO DOS MARAFADOS


Do Costeleta António Viegas Palmeiro
recebemos o poema que transcrevemos:

Matemático



Um Quociente apaixonou-se                                      
Um dia
Doidamente
Por uma incógnita.

Olhou-a com o seu olhar inumerável
E viu-a do Ápice à Base…
Uma Figura Impar;
Olhos rombóides, boca trapezóide,
Corpo ortogonal, seios esferóides.

Fez da sua
Uma vida
Paralela à dela
Até que se encontraram
No Infinito.

“Quem és tu?” indagou ele
Com ânsia radical.
“Sou a soma do quadrado dos catetos,
mas podes chamar-me Hipotenusa”

E depois de falarem descobriram que eram
O que, em aritmética, corresponde
A almas irmãs
Primos entre si

E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz.
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Rectas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.

Escandalizaram os ortodoxos
Das fórmulas euclidianas
E os exegetas do Universo Finito.

Romperam convenções newtonianas
E pitagóricas
E, enfim, resolveram casar-se.
Constituir um lar.
Mais que um lar.
Uma Perpendicular.
Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissectriz.
E fizeram planos, equações e
diagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidade
Integral
E diferencial.

Casaram-se e tiveram
Uma secante e três cones
Muito engraçadinhos.
E foram felizes
Até aquele dia
Em que tudo afinal
se torna monotonia

Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
Frequentador de Círculos Concêntricos.
Viciosos.

Ofereceu-lhe a ela,
Uma Grandeza Absoluta
E reduziu-a a um Denominador Comum.

Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais um Todo
Uma Unidade
Era o Triângulo
Chamado amoroso
E desse problema ela era a fracção
Mais ordinária

Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade,
E tudo o que era espúrio passou a ser
Moralidade
Como aliás, em qualquer
Sociedade

Autor desconhecido

(Sem aplicação do novo acordo ortográfico)

Colocado por
Rogério Coelho

1 comentário:

Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira disse...


Meu caro PALMEIRO

Recebi e coloquei no CANTINHO o seu poema.
Encontrei e coloquei a sua foto na galeria dos colaboradores.
Obrigado por autorizar.
Já não precisa de enviar foto.
Um abraço Costeleta
Rogério