terça-feira, 31 de julho de 2018

DESOLAÇÃO E TRISTEZA



"AUTO DA BARCA DO INFERNO"
Ontem desci o país pelo interior e aquela que podia ter sido uma viagem bonita de se ver, foi antes um arrepiar na pele num misto de desolação, raiva e tristeza.
Ver de perto - muito perto - as cinzas que encheram páginas de jornais e revistas, televisões e reportagens especiais tem um efeito avassalador.
São quilómetros sem fim de serras queimadas, onde a vida tenta brotar a muito custo e onde outras vidas se perderam sem razão nem porquê. As feridas do Verão passado e as marcas dos anos anteriores estão lá. É impossível que não as vejam - mesmo aqueles que não tiram os olhos da estrada enquanto conduzem, como eu.
É horrível. Não consigo, sequer, imaginar o sufoco daquelas gentes que viram a vida e as suas vidas serem consumidas por interesses alheios em forma de fogo. O demónio à solta não deve fazer jus ao que se viveu ali.
Andamo-nos a queixar do frio e da chuva em pleno mês de Junho, mas como disse a minha irmã, antes um verão chuvoso que o inferno vivido na terra.
Não há homenagens ou palavras de apreço que sirvam para agradecer quem, com o corpo, a alma e todas as forças que teve, combateu - e combate!!! - as chamas que todos os anos devoram o nosso país.
Oremos - a Deus ou a quem vos fizer sentido - que o Inferno não volte à terra e que os culpados desta imensurável tragédia sejam condenados e paguem pelo mal que fizeram.
Florêncio Vargues



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